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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg

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Para se entender o ensino na sala de aula, é preciso, então, investigar o habitus manifestado<br />

pelos professores, pois a efetivação das práticas exercidas tem relação com a qualidade da<br />

formação docente e são desenvolvidas durante o exercício profissional. Nesse sentido,<br />

[...] pode-se considerar que a experiência adquirida pelos educadores sobre o<br />

ensino na sala de aula também é uma repetição de acontecimentos interrelacionados,<br />

ou a repetição de determinadas e mesmas ações com<br />

determinados fins, que são frutos dos condicionantes práticos oriundos da<br />

natureza pratica do ato de ensinar. A semelhança entre a lógica da noção de<br />

experiências e a noção de habitus é visível. O que seguramente se pode dizer<br />

é que uma não existe sem a outra, já que o habitus é a substância da<br />

experiência, e vice-versa (SILVA, 2005, p. 157-158).<br />

Entendemos que o habitus, inclusive o docente, é variável no e através do tempo, do contexto,<br />

entre indivíduos da mesma classe, fundamentando, assim, os estilos de vida e de tomada de<br />

decisões. Portanto,<br />

As marcas da posição social que o indivíduo ocupa, os símbolos, as crenças,<br />

os gostos, as preferências que caracterizam essa posição social, são<br />

incorporadas pelos sujeitos, não necessariamente de forma consciente,<br />

tornando-se parte da natureza do próprio indivíduo, constituindo-se num<br />

habitus. A partir dessa matriz geradora de ações, os indivíduos agem de<br />

acordo com um senso prático, adquirido no momento histórico em que<br />

vivem (SILVA, 2008, p. 95).<br />

Por isso, o habitus, mesmo incorporado, é passível de rearranjos para atender às situações<br />

cotidianas, uma vez que o indivíduo é um ser social e está em constante adaptação ao mundo<br />

que o cerca.<br />

No entanto, Lahire (2002) faz algumas críticas em relação à teoria do habitus de Bourdieu<br />

(1983, 1996, 2007), defendendo que a ideia de produção homogênea do habitus é equivocada,<br />

uma vez que as disposições dos indivíduos apresentam resistências. Segundo esse autor, não<br />

se pode pensar o indivíduo contemporâneo sendo regido apenas por um único princípio de<br />

conduta; os indivíduos não agem de forma homogênea nas muitas situações de vida, coerentes<br />

o tempo todo com um sistema de homogêneo de disposições.<br />

Também para Setton (2002, p. 66), o habitus é o “produto de um processo simultâneo e<br />

sucessivo de uma pluralidade de estímulos e referências não homogêneas, não<br />

necessariamente coerentes”. Para ele, é importante considerar o habitus como<br />

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