UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
práticas e o fazer docentes que são engendradas na disciplina de Sociologia. Segundo Coelho<br />
(2005), o estudo de caso é utilizado quando se tem a intenção de enfocar determinado evento<br />
pedagógico relativo à prática profissional, ou seja, neste caso, a prática de ensino de<br />
professores para lecionar uma disciplina considerada “nova” nas escolas. Soma-se a isso que<br />
“Com efeito, as opções técnicas mais “empíricas” são inseparáveis das opções mais “teóricas”<br />
de construção do objeto. É em função de uma certa construção do objeto que tal método de<br />
amostragem, tal técnica de recolha ou de análise dos dados, etc. se impõe” (BOURDIEU,<br />
2009, p. 24).<br />
Conforme Ludke & André (1986, p. 20), “os estudos de caso procuram representar os<br />
diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social”. No entanto,<br />
sabemos das limitações da metodologia escolhida, pois<br />
[...] estudos de caso não podem se “concluir”, se entendemos por conclusão<br />
uma parte que viria condensar as características principais dos pesquisados<br />
em um quadro coerente, resumindo e evidenciando a singularidade dessas<br />
“pessoas”. As únicas conclusões lógicas são, na verdade, conclusões teóricas<br />
que estabelecem a lista dos pontos interpretativos que puderam ser<br />
significativamente tratados (LAHIRE, 2004, p. 45)<br />
No que se refere aos questionários aplicados aos docentes que contribuíram para a<br />
investigação, sabe-se que não é a única técnica para a coleta de dados e não passa de um dos<br />
instrumentos de observação.<br />
Em vez de constituir a forma mais neutra e mais controlada do<br />
estabelecimento dos dados, o questionário pressupõe todo um conjunto de<br />
exclusões, nem todas escolhidas, e que são tanto mais perniciosas enquanto<br />
permanecerem inconscientes: para saber estabelecer um questionário e saber<br />
o que fazer com os fatos que ele produz, é necessário saber o que faz o<br />
questionário, isto é, entre outras coisas, o que não pode fazer (BOURDIEU<br />
et al, 2007, p. 59).<br />
É merecido lembrar que, num questionário, “não há perguntas neutras” (BOURDIEU et al<br />
2007, p. 48). Portanto, acredito, assim como os autores, que todo pesquisador, se não for<br />
consciente “em relação à problemática implicada em suas perguntas, privar-se-á de<br />
compreender a problemática que os sujeitos implicam em suas respostas” (p. 57).<br />
78