UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
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Como exemplo, relato um episódio vivenciado numa das turmas do Ensino Médio Regular, à<br />
noite. Nesse dia, notei que havia grande desrespeito dos alunos uns para com os outros,<br />
desrespeito para com a figura do professor, que tentava expor a matéria e realizar seu<br />
trabalho. Tamanha indisciplina me dificultava ouvir e prestar atenção à prática pedagógica.<br />
Como o professor, talvez por medo da violência, não era incisivo para com a indisciplina,<br />
tanto no diurno como no noturno, os alunos aproveitaram dessa situação e, digamos,<br />
“dominaram” a sala de aula. Sobre a questão da indisciplina que permeia as aulas de Yuri, é<br />
merecido lembrar que<br />
[...] ensinar é, obrigatoriamente, entrar em relação com o outro. Ora, para<br />
que essa relação se estabeleça, é preciso que o professor e os alunos se<br />
entendam minimamente: o auditório deve estar pronto para ouvir e o<br />
professor deve dar bastante importância à adesão do grupo para produzir seu<br />
discurso (TARDIF, 2002, p. 222).<br />
Outro episódio que também me chamou a atenção ocorreu no turno diurno, em outra turma de<br />
Ensino Médio Regular, no dia 17/05/2011. Um aluno (reprovado no ano anterior) comenta<br />
com outro colega de sala que a supervisão da escola preencheu uma solicitação em que sua<br />
mãe era convocada a comparecer à escola devido à sua indisciplina. O aluno diz ao colega que<br />
respondeu à supervisora que a mãe não compareceria, pois ela “tem mais o que fazer em<br />
casa”. Isso vem exatamente ao encontro daquilo que levantou Arroyo (2003, p. 59) sobre o<br />
fato da “grande revolução na escola hoje é ter que lidar com os alunos que temos”. Assim,<br />
Não sabemos lidar com eles. Lidar no sentido de trabalhar, de pôr em prática<br />
os saberes aprendidos nas lides do trabalho docente. O problema mais grave,<br />
nesse momento, não são as condições de docência, mas quem são os<br />
discentes. O problema não está, agora, nas condições de trabalho, mas nos<br />
educados [...] Somos obrigados a repensar situações de trabalho e<br />
terminamos sendo questionados pelos próprios saberes sobre o trabalho. Este<br />
é um problema gravíssimo, sobretudo para os docentes das escolas públicas<br />
(ARROYO, 2003, p. 58).<br />
Ressalto que, na maior parte das aulas observadas, seja no turno da manhã ou da noite, Yuri<br />
sempre realiza a chamada, essa atividade burocrática e formal, quando a aula se inicia,<br />
momento no qual os alunos estão dispersos, com alto índice de distração, muitas vezes fora da<br />
sala. Em geral, observei que o professor necessita alterar sua voz para que os alunos possam<br />
responder à chamada, fato que, além demandar mais tempo para realizar essa exigência da<br />
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