UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
docentes que atuam na escola básica e a pesquisa produzida na academia. Esse último<br />
aspecto, conforme aponta Zeichner (1998), leva muitos professores a não recorrerem às<br />
pesquisas produzidas na academia para fomentar a sua prática profissional. Bairros (2008)<br />
contribui com o debate, afirmando:<br />
O docente precisa construir uma visão crítico-reflexiva a partir de uma<br />
prática contextualizada, como meio para estabelecer novas formas de intervir<br />
na realidade, mas não só, também como força e possibilidade de fazer surgir<br />
novos discursos teóricos e concepções alternativas para a construção de<br />
aprendizagem e de saberes, pois aprender é atribuir significados ao que se<br />
aprende (BAIRROS, 2008, p. 3691).<br />
Portanto, os saberes da docência são construídos e reconstruídos a partir da prática docente e<br />
podem se fixar em estilos e alternativas de ensino. A função social de ensinar está<br />
intimamente ligada com o aprendizado de novas práticas e com o desafio cotidiano de<br />
repensar nossa tarefa. Cabe ao docente, sempre que possível, discutir e refletir – consigo<br />
mesmo ou com seus pares – a respeito dos procedimentos de ensino no cotidiano escolar. Isso<br />
posto, é válido o argumento abaixo:<br />
Será que nós professores, ao estabelecermos nosso plano de ensino, ou<br />
quando vamos decidir o que fazer na aula, nos perguntamos se as técnicas de<br />
ensino que utilizaremos têm articulação coerente com nossa proposta<br />
pedagógica? Ou será que escolhemos os procedimentos de ensino por sua<br />
modernidade, ou por sua facilidade, ou pelo fato de dar menor quantidade de<br />
trabalho ao professor? Ou, pior ainda, será que escolhemos os procedimentos<br />
de ensino sem nenhum critério específico? (p. 2).<br />
O contorno que a prática docente pode assumir depende tanto do conhecimento do professor,<br />
quanto do habitus que foi configurado ao longo de sua trajetória pessoal e profissional. Nesse<br />
sentido, o habitus se constitui de elementos da formação desse professor, de seu viver, de suas<br />
motivações, porém não funciona apenas “pela lógica pura da reprodução e conservação; ao<br />
contrário, a ordem social constitui-se através de estratégias e de práticas nas quais e pelas<br />
quais os agentes reagem, adaptam-se e contribuem no fazer da história” (SETTON, 2002, p.<br />
65).<br />
A ação do professor, então, é resultante de ações orquestradas de acordo com o habitus<br />
docente forjado nas trajetórias de cada um, bem como as condições objetivas e subjetivas do<br />
ato de lecionar e de mediar as práticas engendradas no ensino de Sociologia. Dubar (1997, p.<br />
161