UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
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quadro-negro com frequência, chamava os alunos para dialogarem nas aulas expositivas e, em<br />
alguns casos, recorria à disciplina Geografia, sua real formação, para explicar e construir<br />
conhecimento sociológico, sempre apresentando espontaneidade nas aulas.<br />
Um exemplo: ao trabalhar com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ela explicou<br />
item por item do documento, buscando semelhanças e diferenças entre ele e a Constituição<br />
Brasileira de 1988. Segundo a professora, os conteúdos ministrados nas aulas de Sociologia<br />
são trabalhados conforme a realidade e necessidade de seus alunos (o que é notado em todos<br />
os sujeitos pesquisados). Léa os modelava a partir do que era útil para o processo de<br />
construção de conhecimento dos discentes, e para isso, recorria às suas experiências como<br />
docente, suas preferências e de seus valores, levando em consideração, conforme observado,<br />
as recomendações do CBC de Sociologia. Assim, pode-se dizer que os programas são<br />
“modificados, adaptados de acordo com as situações vividas” (TARDIF & LESSARD, 2005,<br />
p. 226).<br />
Portanto, a prática da professora Léa vai ao encontro daquilo já mostrado por Tardif &<br />
Lessard (2005) no que se refere ao trabalho diário do professor, que é planejado, programado<br />
e reinventa constantemente uma relação com os alunos:<br />
A docência é, então, concebida como um “artesanato”, uma arte aprendida<br />
no tato, realizada principalmente às apalpadelas e por reações parcialmente<br />
refletidas em contextos de urgência. [...] a afetividade também assume, aqui<br />
um lugar de destaque, pois é a partir das experiências afetivas fortes<br />
(relações com os alunos, experiências difíceis ou positivas, etc.) que o “euprofissional”<br />
do professor [...] constrói e se atualiza (TARDIF & LESSARD,<br />
2005, p. 46).<br />
No entanto, mesmo com essa habilidade adquirida pelo tempo e com o gosto pela docência,<br />
Léa, em algumas situações, mostra limitações em relação ao conhecimento sociológico que<br />
deve passar nas aulas dessa disciplina. Numa de suas aulas, ao retratar o tema Instituições<br />
Sociais, foi indagada por uma aluna que afirmava não carregar a herança cultural dos pais,<br />
visto que não tinha vícios e pertencia a uma religião distinta à que foi inserida quando criança<br />
e não conseguiu responder de forma satisfatória. Como a aluna insistiu, por mais que tentasse<br />
ser imparcial, fiquei incomodada com a situação e fiz uma intervenção de modo a atender o<br />
questionamento dela. A resposta dada foi compreendida pela discente, que concordou com a<br />
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