UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
dos alunos mesmo. Porque não adianta você falar: Ah, eu vou cantar dentro<br />
da sala, eu vou fazer uma aula musical. O professor não tem pique para aula<br />
musical. Professor igual eu, que tem uma aula em cada turma por semana, eu<br />
tenho 20 aulas semanais e 900 alunos. Como você vai entrar cantando na<br />
sala a semana inteira? Não dá conta não. Professor nenhum tem pique para<br />
isso não. Não adianta o fantástico fazer uma matéria e falar: Para o aluno<br />
interessar pela minha aula eu passo essa ginástica aqui na frente. Mas,<br />
durante quanto tempo o professor vai fazer ginástica? Eu sei que o professor<br />
tem que incentivar, mas a busca parte é do aluno. O interesse parte é do<br />
aluno.<br />
Reforçando que os alunos não estão interessados em estudar, a professora, referindo-se à<br />
educação, nos disse, numa conversa informal nos corredores da escola: “os alunos não querem<br />
nada, o governador não quer nada e os professores não querem nada”. No entanto,<br />
paradoxalmente, quando indagada se pretende continuar na docência, Estela afirma que faz<br />
parte dos seus planos continuar lecionando, tanto que está fazendo um curso de<br />
Especialização em Sociologia.<br />
Nesse sentido, é importante retomar as reflexões de Bourdieu (2007) de que algumas<br />
profissões, incluindo a de educador, são profissões mal definidas, tanto para as condições de<br />
acesso como para as condições de exercício e que o seu desempenho irá depender das atitudes<br />
tomadas pelos seus ocupantes. Apesar da professora dizer que pretende continuar no ensino,<br />
suas atitudes são de quem apresenta pouco vínculo com a carreira docente. Isso se depreende<br />
do fato de que ela apresenta características de um professor lamuriante, o que pode estar<br />
consolidando um habitus em relação à docência.<br />
O professor lamuriante reclama de tudo o tempo todo. Reclama da situação<br />
atual do país, da escola, da falta de participação dos alunos, da falta de<br />
material para dar um bom curso, do currículo, das poucas aulas que tem para<br />
ministrar sua matéria. Passa sempre a impressão de que está arrasado e não<br />
encontra prazer no que faz (CHALITA, 2001, p. 168).<br />
Voltando à questão dos conteúdos, que é de suma importância, conforme dito em outras<br />
situações, o CBC propõe alguns temas a serem trabalhados, entre os quais estão os clássicos.<br />
No entanto, a docente, provavelmente por causa da falta de formação na área em que leciona,<br />
não trabalhou com esses conteúdos. Era uma temática importante, principalmente para alunos<br />
do 1º ano do Ensino Médio, que, certamente, estavam tendo contato com a Sociologia pela<br />
primeira vez. Assim,<br />
118