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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg

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O estereótipo que o professor também cria sobre seus alunos é um dos fatores que pode levar<br />

à indisciplina. Nessa turma, os alunos cobram da professora uma explicação para a minha<br />

presença ali. Então, ela pede que eu me apresente e, logo após, em tom de brincadeira, diz que<br />

são todos alunos bonitos, mas são “capetas”. Apesar do comentário ser feito para descontrair,<br />

ele parecia conter marcas de representações estereotipadas. Um aluno revida e diz que “eles<br />

não são capetas, apenas o que eles têm é muita testosterona”.<br />

Sendo assim, as ideias de Tardif & Lessard (2005) podem explicar a questão da indisciplina<br />

nas aulas dessa docente. Segundo eles, existem três grandes tecnologias da interação presentes<br />

em sala de aula: a coerção, a autoridade e a persuasão. A coerção se refere a condutas<br />

punitivas reais e simbólicas desenvolvidas pelos professores. Já a autoridade reside no<br />

respeito que o docente é capaz de impor aos alunos, sem coerção. E, por fim, a persuasão, que<br />

é a arte de convencer os alunos a acreditar em algo, ou seja, na educação. Entretanto, em<br />

várias situações observadas, inferi que Estela, seja pela falta de formação inicial, seja pela<br />

falta de identidade com a docência observada na sua constante dúvida em permanecer ou não<br />

na profissão, não conseguia chegar a essas tecnologias da interação.<br />

4.3.3 A questão da disciplina nas aulas de Gina: coerção como estratégia disciplinar<br />

A sala de aula pode apresentar surpresas, novidades, imprevisibilidades, obediências, recusas,<br />

conflitos e tensões. “Como num jogo de xadrez, o indivíduo age ou joga segundo sua posição<br />

social neste espaço delimitado” (VASCONCELLOS, 2002, p. 83).<br />

Sobre as práticas que permitem manter a disciplina em suas aulas, notei que Gina recorria,<br />

muitas vezes, ao uso da coerção, isto é, ameaças e punições que permitiam assegurar um bom<br />

andamento de sua prática; a partir do uso desse poder e autoridade, ela conseguia manter a<br />

disciplina. Em muitos casos, impunha aos alunos que mantivessem a ordem sob a ameaça de<br />

atribuir pontuação extra ou mesmo retirar pontos adquiridos por eles ao longo do bimestre.<br />

Assim, usa da coerção que<br />

[...] consiste nos comportamentos punitivos e simbólicos desenvolvidos<br />

pelos professores em interação com os alunos na sala de aula. Esses<br />

comportamentos são estabelecidos ao mesmo tempo pela instituição escolar,<br />

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