UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
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Quando digo que “deveriam” ser trabalhados, é porque, no período em que fiquei na escola<br />
(em torno de quatro meses), não presenciei nem uma aula expositiva que tivesse ultrapassado<br />
10 (dez) minutos. Ora a docente estava corrigindo (apenas atribuindo notas), nos cadernos dos<br />
alunos, exercícios cobrados anteriormente e sem explicação prévia, ora estava preenchendo<br />
diários, ora estava compromissada com as viagens que faria com seus alunos. Enfim, percebi<br />
que Estela, ao construir em seu fazer docente, ocupa-se de atividades que podem ser<br />
chamadas de secundárias, ao invés de realmente construir conhecimento sociológico com os<br />
alunos.<br />
Numa de suas aulas, ao retratar o tema “Tribos Urbanas”, era perceptível que a docente não<br />
valorizava a visão dos alunos. Quando pergunta “O que vem a ser tribo urbana?” e um aluno<br />
se arrisca a responder, a professora não fica satisfeita com a resposta obtida e diz que “é para<br />
responder certo. Não pode errar”. Outra aluna revida “Uai, mas não é para responder com<br />
nossas palavras?” Por sua vez, uma terceira aluna da turma fica exaltada e diz: “a obrigação<br />
da professora é mostrar o erro e não só reclamar que tá errado”. O mesmo aluno ainda afirma<br />
que “as aulas do ano passado eram mais interessantes”.<br />
Para ter condições de estabelecer um diálogo em sala de aula, é necessário reconhecer como<br />
legítimas as questões e as experiências que os adolescentes trazem para o cotidiano escolar;<br />
isso é condição fundamental para que o conhecimento escolar faça sentido aos alunos.<br />
Quando solicitou um trabalho sobre músicas que marcaram o período que ia dos anos 60 aos<br />
anos 90 do século XX, um aluno reclamou que estava com dificuldades de encontrar o<br />
contexto político da década de 90. A docente apenas respondeu que “é fácil”, mas não ajudou<br />
o discente na pesquisa, nem contextualizando o período mencionado, nem sugerindo<br />
referências para a pesquisa. Entretanto, ao se remeter aos principais desafios da docência, a<br />
professora diz que<br />
Os principais desafios para mim, realmente, é a falta de interesse do nosso<br />
público, nosso aluno, nosso cliente. Ele não tem interesse nenhum. Não vou<br />
dizer na minha disciplina, mas não há interesse do aluno em buscar nada. O<br />
aluno do ensino público não. A diferença é muito grande. O aluno do ensino<br />
particular ele busca, ele está pagando. Aluno de ensino médio, não estou<br />
falando de ensino fundamental não. Desde que eu trabalho com educação, eu<br />
trabalho com ensino médio. O maior desafio para mim é a falta de interesse<br />
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