UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
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Mesmo que o PPP da escola em que Léa trabalhava afirmasse que a formação continuada é<br />
um direito de todos os profissionais que trabalham na instituição, a professora não fez<br />
nenhum curso de aperfeiçoamento e pós-graduação. No que se refere à carga horária, ela tem<br />
18 aulas de Geografia na escola e começou a ministrar Sociologia porque precisava cumprir a<br />
exigência da Rede Estadual de que um professor concursado precisa ter o mínimo de 18 aulas.<br />
Como foram fundidas duas turmas da instituição, ela teve que aceitar as aulas desta disciplina<br />
para completar seu cargo. Indagada sobre o seu interesse, afirmou que usaria de sinceridade e<br />
que, inicialmente, o motivo foi a “oportunidade de acréscimo no salário”. Somente depois<br />
interessou-se realmente pelo conhecimento sociológico, embora já tivesse tido contato com a<br />
Sociologia no curso de Magistério, na década de 1980 e, posteriormente, na graduação.<br />
Apesar de tudo, sempre achou a disciplina interessante.<br />
Talvez esse interesse tenha contribuído para que a docente, mesmo sem formação inicial em<br />
Sociologia, mostrasse domínio do conteúdo. Não obstante, na perspectiva de Tardif (2002), o<br />
magistério tem sua evolução com o tempo no ofício, principalmente após alguns anos de<br />
docência, com o trabalho docente se caracterizando por<br />
[...] uma confiança maior do professor em si mesmo (e também dos outros<br />
agentes no professor) e pelo domínio dos diversos aspectos do trabalho,<br />
principalmente os pedagógicos (gestão da classe, planejamento do ensino,<br />
apropriação pessoal dos programas, etc.), o que se manifesta através de um<br />
melhor equilíbrio profissional (TARDIF, 2002, p. 85).<br />
Além do tempo, que é um agente facilitador para quem leciona uma disciplina na qual não<br />
possui formação específica, Léa afirmou que, quando apareceu esse desafio, ela procurou<br />
recorrer a colegas de profissão da própria escola que pudessem lhe auxiliar em relação ao<br />
conteúdo e à proposta da disciplina, como, por exemplo, a professora Isabela (a docente que<br />
pediu exoneração do cargo após a greve do ano de 2011). Esse dado se aproxima das<br />
discussões de Tardif (2002, p. 196-97) de que “o saber é justamente uma construção coletiva,<br />
de natureza lingüística, oriunda de discussões, de trocas discursivas entre seres sociais”.<br />
Notei que as práticas docentes de Léa apresenta semelhanças com a prática dos outros 2 (dois)<br />
professores habilitados, ou seja, Gina e Yuri. São docentes que demonstram trato com o<br />
conhecimento da sociologia, proporcionam o desenvolvimento da autonomia dos alunos ao<br />
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