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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg

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No caso de Léa, as mediações interativas são conseguidas habilmente. No decorrer das<br />

observações, ficou nítida a importância da manutenção da ordem para a construção do<br />

conhecimento sociológico. A professora não permitia indisciplina em suas aulas expositivas,<br />

seja no turno da manhã ou da noite. Para conseguir que os alunos sejam disciplinados, ora<br />

recorria à diplomacia, ora à brincadeira.<br />

A sobrecarga de trabalho é visivelmente observada, o que repercute em sua prática. No dia<br />

30/09/2011, no turno da noite, Léa, que sempre utiliza o quadro, avisa aos alunos que,<br />

diferentemente dos outros dias, iria usar o ditado. Explica que, naquele dia, o seu punho<br />

estava doendo, uma vez que já havia dado aula nos três turnos da escola. Nesse dia, a<br />

professora entrou na escola às 7 horas da manhã e só sairia às 22:30 horas. Os alunos<br />

pareciam solidários com Léa, reconheceram seu esforço e contribuíram para a manutenção de<br />

um clima mais harmonioso para que a aula pudesse transcorrer sem interrupções. Quando um<br />

dos alunos começou a falar no celular e a professora solicitou que ele desligasse o aparelho,<br />

imediatamente outro colega de classe intervém: “Desliga ai, a professora tá aí esforçando<br />

pra gente”.<br />

Tal situação se aproxima do que indicam Tardif & Lessard (2005), para quem o trabalho<br />

desenvolvido em sala de aula se caracteriza por relações de negociação, controle, persuasão,<br />

supervisão, ajuda, entretenimento, etc. Isso porque os professores trabalham com a questão da<br />

equidade do tratamento e do controle do grupo. Sendo assim,<br />

A centralidade da disciplina e da ordem no trabalho docente, bem como a<br />

necessidade quase constante de “motivar” os alunos, mostram que os<br />

professores se confrontam com o problema da participação do seu objeto de<br />

trabalho – os alunos – no trabalho de ensino e aprendizagem. Eles precisam<br />

convencer os alunos que “a escola é boa para eles”, ou imprimir às suas<br />

atividades uma ordem tal que os recalcitrantes não atrapalhem o<br />

desenvolvimento normal das rotinas do trabalho. Em síntese, os alunos<br />

precisam acreditar no que é dito a eles ou fingir que acreditam e não<br />

perturbar os professores e os colegas de classe (TARDIF & LESSARD,<br />

2005, p. 35).<br />

A partir do delineamento da configuração das práticas docentes na disciplina de Sociologia,<br />

aqui traçado, esta pesquisa propõe uma reflexão sobre uma proposta de rearranjos das<br />

práticas. Não há intenção de desmerecer as estratégias de cada professor, mesmo porque o<br />

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