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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg

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que lhes atribui limites variáveis de acordo com a época e o contexto, e pelos<br />

professores, que os improvisam em plena ação, como sinais pragmáticos<br />

reguladores da ação realizada no momento: olhar ameaçador, trejeitos,<br />

insultos, ironia, apontar com o dedo, etc. (TARDIF, 2002, p. 138).<br />

Tardif (2002, p. 221) nos lembra que “é sempre possível manter os alunos ‘presos’<br />

fisicamente numa sala de aula, mas é impossível levá-los a aprender sem obter, de uma<br />

maneira ou de outra, seu consentimento, sua colaboração voluntária”. Essa “colaboração<br />

voluntária”, conforme observado nas aulas de Gina, fazia-se sob pressão. Entretanto,<br />

conforme me relatou, percebi que a professora também fazia negociações para manter a<br />

disciplina:<br />

Você tem que saber levar o aluno. É mais na base da conversa. Além de<br />

professor, temos que ser psicólogo, mãe, etc. Ações mais viáveis para<br />

combater indisciplina: primeiro eu levo alguma coisa que interesse o aluno<br />

para ele não desviar da aula.<br />

Então, por meio da pressão e da negociação, a docente conseguia estabelecer um ambiente em<br />

que era possível construir conhecimento sociológico. Nesse sentido,<br />

[...] a classe é um lugar social já organizado no qual o professor sempre<br />

dispõe de certos recursos em forma de regras e dispositivos organizacionais,<br />

mas que exige, ao mesmo tempo, uma intervenção constante para manter-se<br />

e renovar-se. Em outras palavras, a classe depende ao mesmo tempo de uma<br />

ordem social relativamente estável, imposta através de normas e controles<br />

institucionais, e de uma ordem social edificada na medida de seu<br />

desenvolvimento pelas interações entre os professores e os alunos (TARDIF<br />

& LESSARD, 2005, p. 65-66).<br />

A escola também tem seus recursos para contribuir com a disciplina: quando um aluno<br />

descumpria as regras da instituição, cada professor tinha um formulário de ocorrência, que era<br />

preenchido e entregue à coordenação de turno. Mesmo a instituição recorrendo a essa<br />

estratégia, muitos problemas nesse âmbito ainda apareciam no cotidiano da sala de aula. Logo<br />

no primeiro dia de observação, presenciei cenas que indicavam a falta de respeito aos<br />

professores. Gina teve que solicitar a presença da supervisora de turno para retirar da sala uma<br />

aluna que a havia desacatado. A aluna se recusou a deixar a sala e a supervisora, então, diz<br />

que a professora está autorizada a se retirar. Não houve aula para essa turma nesse dia. A essa<br />

altura, é pertinente refletir que<br />

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