UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
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metodologias e dos conteúdos e conhecimentos a ela inerentes, como em relação ao<br />
compromisso de promover uma educação crítica e transformadora. Evidentemente que tal<br />
formação possibilita a aquisição de um conjunto de conhecimentos e de uma prática<br />
profissional que ampliam a compreensão e o questionamento da realidade social, ajudando a<br />
enxergar níveis de realidade ou discursos até então desconhecidos ou pouco explorados pelos<br />
não iniciados no assunto. Obviamente, isso significa dizer que a falta de formação inicial em<br />
Ciências Sociais é mais um obstáculo para os professores não habilitados.<br />
No entanto, se concordarmos que os “habitus podem se transformar num estilo de ensino, em<br />
’truques do ramo’ ou mesmo em traços da ’personalidade profissional’” (TARDIF, 2002, p.<br />
181) e que, conforme ressaltado por Bourdieu (2007), os agentes sociais são dotados de<br />
habitus construídos através de experiências passadas, que permitem engendrar estratégias que<br />
podem ser compreendidas nas atitudes, ações, escolhas, seleções, é possível pensar que o<br />
ofício do professor configura-se como um conjunto de disposições que permitem a<br />
(re)construção e (re)invenção de práticas para o ensino de uma disciplina para a qual alguns<br />
profissionais não possuem formação inicial.<br />
De toda forma, pensamos que o professor, mesmo não sendo habilitado em Ciências Sociais,<br />
adquire um habitus professoral que permite a ele lecionar Sociologia, o que não quer dizer<br />
que ele consiga superar as lacunas referentes à sua formação acadêmica. Isso exige um<br />
esforço nas práticas educativas desses professores, porque<br />
O professor é um sujeito sociocultural que constrói e reconstrói seus<br />
conhecimentos conforme a necessidade e demanda do contexto histórico e<br />
social, suas experiências, seus percursos formativos e profissionais, portanto<br />
o processo de formação do professor [...] se dá a partir das experiências<br />
vividas em diversos espaços sociais, dentre eles, a própria pratica docente<br />
(SILVA, 2008, s/p).<br />
Dessa maneira, torna-se relevante entender a formação docente e o habitus professoral, uma<br />
vez que eles são os responsáveis pela seleção de suportes e/ou materiais didáticos, escolha de<br />
métodos, de conteúdos a serem trabalhados em sala de aula, da avaliação, enfim, de tudo que<br />
implica o fazer docente. Assim como Silva (2005), acreditamos que o docente constrói um<br />
habitus professoral para ministrar suas aulas, ou seja, as práticas deixam de ser meros saberes<br />
práticos e configuram um comportamento construído a partir das experiências profissionais.<br />
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