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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg

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aspecto, a docente se mantém distante dos objetivos da disciplina e dos conteúdos que<br />

leciona.<br />

A atitude de “despejar” os conteúdos sem dialogar com os educandos se aproxima da<br />

concepção de educação bancária criticada por Paulo Freire. Embora Estela tenha nos afirmado<br />

que está sempre recorrendo a leituras para aprimorar seus conhecimentos sociológicos, esse<br />

aprimoramento não tem chegado aos discentes. Apesar de as observações me permitirem fazer<br />

tal consideração, a docente insiste:<br />

O aprimoramento é saber que aquilo que eu estou “passando” para meus<br />

alunos de Ensino Médio é exatamente o que aconteceu e está acontecendo na<br />

sociedade. Estou ensinando o que é necessário ou não, a partir das<br />

atualidades? Peço para que eles acompanhem os acontecimentos, lendo<br />

jornal, revistas, a própria internet (grifos nossos).<br />

Para Bourdieu (2007, p.192) “sempre existem agentes numa posição em falso, deslocados,<br />

mal situados em seu lugar” é possível dizer, pelas observações realizadas, que Estela, devido<br />

às inúmeras dificuldades que apresenta, parecia deslocada do ofício docente. Essa situação<br />

nos reporta à comparação que Gandini (2009) faz entre o trabalho do pintor, cuja tarefa é<br />

rotineira e para a qual ele não faz planos estratégicos, e o do professor, pois se o docente tem<br />

prática, “transmitir” o conteúdo é algo fácil, como para o pintor exercer suas atividades. para<br />

o pintor, pintar a casa.<br />

Em alguns momentos, notei que a própria docente tem consciência que não tem realizado seu<br />

trabalho de forma satisfatória. Quando uma aluna ficou em recuperação final por causa de um<br />

ponto, a professora afirmou que não daria nenhum ponto porque já tinha distribuído “pontos<br />

de graça” o ano todo. Em outras palavras, as avaliações visavam somente cumprir uma<br />

obrigação da instituição escolar. Mas, segundo Estela,<br />

como instrumento de avaliação, eu acredito mais nos trabalhos. A questão da<br />

prova é uma questão só formal mesmo. É partir do trabalho que eles<br />

mostram o quanto aprenderam, o quanto sabem e o quanto tem dúvidas e<br />

querem aprender mais.<br />

Em outra situação avaliativa, a professora diz que ficou surpresa com o desempenho obtido<br />

pelos discentes:<br />

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