UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
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Dessa forma, resolvi abordar a situação de greve não somente por causa da interrupção e do<br />
atraso das observações, mas sim pelo caráter indissociável entre salário e prática docente, que<br />
não pode ser esquecido. Além disso, a greve indicou a situação precária na qual estão inscritas<br />
as práticas e as condições em que se efetiva o trabalho dos professores investigados nesta<br />
pesquisa. Assim, a história da profissionalização docente mostra que esse embate ainda vem<br />
sendo travado na atualidade.<br />
3.6.1 A situação de greve: abandono da profissão por um dos participantes<br />
Segundo Tardif e Lessard (2005, p. 8), a docência é “compreendida como uma forma<br />
particular de trabalho sobre o humano, ou seja, uma atividade em que o trabalhador se dedica<br />
ao seu ‘objeto’ de trabalho, que é justamente um outro ser humano”. Mas concordo que, para<br />
realizar tal atividade, o professor deve estar motivado e acreditar na educação. No entanto,<br />
percebi que a professora Isabela não estava mais disposta a se submeter às condições que<br />
evidenciam a precarização do trabalho docente identificadas na Rede Estadual de Ensino de<br />
Minas Gerais.<br />
Desde o início da pesquisa, verifiquei que, embora apresentasse desmotivação em seu ofício,<br />
as aulas de Isabela demonstravam o conhecimento dela sobre o conteúdo da disciplina e o<br />
desejo de cumprir de forma satisfatória seu trabalho A observação das práticas da docente<br />
iniciou-se em 30/05/2011 e foram interrompidas no dia 07/06/2011, o que correspondeu a 20<br />
h/aula. Logo no preenchimento do questionário, a professora se mostrou insatisfeita com a<br />
docência, afirmando que, em breve, abandonaria a profissão. Conforme observado por<br />
estudiosos,<br />
Com o tempo, a precariedade de emprego pode tornar-e cansativa e<br />
desanimadora e alimentar um certo desencanto que, sem necessariamente<br />
afetar o amor pelo ensino, afeta, até um certo ponto, o ardor do professor [...]<br />
A precariedade de emprego pode provocar um questionamento sobre a<br />
pertinência de continuar ou não na carreira (TARDIF, 2002, p. 96-97).<br />
Interrompemos nossas atividades durante o período de greve e aguardamos o fim do<br />
movimento para retornar às observações. Isabela aderiu à greve em meados de junho de<br />
2011. Logo que a greve terminou, a professora nos comunicou sua saída da escola, dizendo<br />
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