UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Outro desafio para os professores é o desinteresse dos alunos, considerável empecilho no<br />
ensino de Sociologia. Durante as minhas observações, a falta de interesse pôde ser percebida<br />
em vários momentos: nas conversas paralelas, na dispersão e nas saídas da sala. Esse desafio<br />
ficou bem nítido quando, no dia 16/11/2011, praticamente no final do ano letivo, um aluno<br />
perguntou ao colega de classe qual era a disciplina que a professora ministrava. Segundo a<br />
docente<br />
O aluno não está querendo quase nada, mas a gente tem que estar ali,<br />
buscando incentivá-lo de toda maneira, buscando recursos. O professor é um<br />
malabarista. Tem que ser uma artista para estar conquistando o aluno. Eu<br />
acho que nós temos que fazer isso, já que estamos na área.<br />
Esse incentivo e busca de sentido para que o aluno (re)conheça o conteúdo sociológico como<br />
importante e necessário para sua formação pessoal e escolar é uma meta da professora. A<br />
disposição da sala, na maioria das aulas, privilegia a acomodação dos alunos em círculo, o<br />
que facilita o debate dos textos abordados. Quando essa estratégia não é possível, devido ao<br />
grande número de alunos na turma, a professora recorre a outros espaços dentro da escola<br />
para que todos fiquem melhor acomodados. Em dada situação, ao solicitaram à professora que<br />
os levasse para assistir aula fora da sala de aula, no pátio, pois estava muito calor, os alunos<br />
foram atendidos pela professora. Recorrer a outros espaços, segundo Dewey (2007, p. 128),<br />
“o pátio, as salas de trabalho, os laboratórios não apenas direcionam as tendências ativas<br />
naturais do jovem, mas envolvem intercâmbio, comunicação e cooperação”.<br />
Tardif & Lessard (2005) defendem que a docência se desenrola nas interações entre alunos e<br />
docentes, uma vez que se trata de um trabalho que exige uma relação dialógica. Vale destacar<br />
que a sala de aula é correntemente marcada pela imediatez, ou seja, “significa que os eventos<br />
que ocorrem durante uma aula chegam, geralmente, sem previsão nem anúncios, necessitando<br />
de adaptações e estratégias imediatas, espontâneas” (TARDIF & LESSARD, 2005, p. 232).<br />
E para lidar com os imprevistos e com os eventos da sala de aula, além dos “macetes”<br />
adquiridos ao longo do percurso profissional, o gosto pelo ofício é outro agente facilitador<br />
que contribui para a docência. Embora a professora em questão tenha relatado que tem outros<br />
parentes na profissão, parece que isso não teve influência na escolha da carreira. Em vários<br />
momentos, ela deixou claro que lecionar é o que gostava de fazer e, caso viesse a se aposentar<br />
122