Manual de negociacao coletiva - International Labour Organization
Manual de negociacao coletiva - International Labour Organization
Manual de negociacao coletiva - International Labour Organization
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Enfrentando a crise – o exemplo irlandês<br />
Na Irlanda, o governo iniciou negociações com sindicatos e empregadores<br />
em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008 sobre como enfrentar a crise<br />
financeira que atingia o país. Em janeiro <strong>de</strong> 2009, as partes<br />
acordaram uma estrutura geral, mas as novas negociações sobre<br />
a implementação concreta <strong>de</strong>ssa estrutura fracassaram sem que<br />
se chegasse a um acordo efetivo. As negociações foram retomadas<br />
em março, mas um acordo não foi alcançado. Em <strong>de</strong>zembro, os<br />
sindicatos elaboraram uma proposta sobre como enfrentar a crise,<br />
mas o governo a rejeitou e elaborou uma proposta que incluía cortes<br />
salariais: ela foi implementada por uma lei que entrou em vigor<br />
em 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2010. Os sindicatos se opuseram fortemente<br />
às medidas e <strong>de</strong>ram início a ações sindicais no início <strong>de</strong> 2010. Em<br />
março <strong>de</strong> 2010, no entanto, as negociações recomeçaram mais<br />
uma vez e finalmente, no final do mês, as partes chegaram a um<br />
acordo. Segundo o acordo, nenhuma nova redução salarial seria<br />
feita entre 2010 a 2014 e o salário seria revisto na primavera <strong>de</strong><br />
2011 e nos anos seguintes para analisar se as economias obtidas<br />
por meio da contenção <strong>de</strong> gastos nos serviços públicos permitem<br />
aumentos salariais. Além disso, as reduções salariais realizadas em<br />
2010 seriam <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas para fins do cálculo <strong>de</strong> pensões daqueles<br />
que se aposentariam em 2010 e 2011. Os sindicatos concordaram<br />
em cooperar plenamente na realocação <strong>de</strong> pessoal no<br />
âmbito dos serviços públicos como do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />
dos serviços públicos, permitindo uma redução <strong>de</strong> funcionários.<br />
Po<strong>de</strong>-se interpretar que sem esse tipo <strong>de</strong> acordo bastante complexo<br />
e abstrato, teria sido muito difícil para as partes reabrirem as<br />
negociações e chegarem a uma solução.<br />
Fonte: The wrong target – how governments are making public sector workers<br />
pay for the crisis. Relatório compilado pelo Departamento <strong>de</strong> Pesquisa do Trabalho,<br />
encomendado pela EPSU e financiado pela Comissão Europeia em 2010.<br />
Mediação <strong>de</strong> confl itos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong>ntro das partes<br />
As negociações no setor público são frequentemente conduzidas por<br />
diversos sindicatos que representam diferentes setores envolvidos no<br />
processo. Por essa razão, po<strong>de</strong> haver divergências entre os sindicatos,<br />
inclusive em torno das reivindicações substantivas a serem feitas nas<br />
negociações. O <strong>de</strong>sacordo entre diferentes sindicatos po<strong>de</strong> complicar<br />
o processo <strong>de</strong> negociação, exigindo que o empregador li<strong>de</strong> com<br />
diversos <strong>de</strong>sejos e <strong>de</strong>mandas. Geralmente, os recursos públicos para<br />
a prevenção e resolução <strong>de</strong> conflitos só estão disponíveis em relação<br />
56<br />
DEPARTAMENTO DE ATIVIDADES SETORIAIS