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Texto completo em PDF - Museu da Vida

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2.2.1. <strong>Texto</strong>s falados e textos escritos<br />

Alguns autores (Stubbs,1983; Rubin,1988; Chafe,1984 e Marcuschi, s.d.a) suger<strong>em</strong><br />

que a grande diferença entre a fala e a escrita reside no meio utilizado. Dito de outra forma,<br />

uma <strong>da</strong>s características mais visíveis na forma de representação de ca<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de é sua<br />

apresentação física, i.e., o sist<strong>em</strong>a de signos utilizado na fala é formado por fon<strong>em</strong>as e na<br />

escrita, por graf<strong>em</strong>as. 18 Em certa medi<strong>da</strong>, estes aspectos repercut<strong>em</strong> <strong>em</strong> muitas <strong>da</strong>s<br />

particulari<strong>da</strong>des pertinentes a ca<strong>da</strong> uma dessas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des.<br />

Importa ressaltar que, além dos fon<strong>em</strong>as, a fala dispõe ain<strong>da</strong> dos recursos<br />

paralingüísticos, tais como a gestuali<strong>da</strong>de, o olhar, a mímica etc. Além disso, há os<br />

fenômenos suprasegmentais como a entoação e as pausas <strong>da</strong> fala, que pod<strong>em</strong> ser<br />

representados na escrita por um sist<strong>em</strong>a de pontuação. Entretanto, Rubin (1988) chama a<br />

atenção para o fato de o limitado conjunto de marcas de pontuação não conseguir refletir<br />

to<strong>da</strong>s as nuances prosódicas <strong>da</strong> fala. Mais complexa ain<strong>da</strong> é a gestuali<strong>da</strong>de, um el<strong>em</strong>ento<br />

com função essencial no diálogo, que não t<strong>em</strong> correspondente na escrita. 19<br />

V<strong>em</strong>os, portanto, que o fato de usarmos o meio fônico quando falamos e o gráfico<br />

quando escrev<strong>em</strong>os implica diferenças bastante claras entre a fala e a escrita. Contudo, sua<br />

repercussão sobre o fenômeno lingüístico como tal é limita<strong>da</strong>.<br />

18 O fato de utilizar<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as de signos distintos, não significa, contudo, que fala e escrita sigam sist<strong>em</strong>as<br />

lingüísticos diferentes. De acordo com Marcuschi (s.d.a:7), as variações de uso do sist<strong>em</strong>a observa<strong>da</strong>s entre<br />

as duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des dev<strong>em</strong>-se a estratégias de seleção de possibili<strong>da</strong>des do mesmo sist<strong>em</strong>a. "Não há, pois,<br />

necessi<strong>da</strong>de de postular para a fala outro sist<strong>em</strong>a lingüístico só porque notamos nela uma redução de<br />

el<strong>em</strong>entos morfológicos por ex<strong>em</strong>plo, ou porque a ord<strong>em</strong> <strong>da</strong>s palavras <strong>em</strong> certos casos é diversa, ou porque a<br />

organização pronominal não coincide <strong>em</strong> todos os casos com a escrita".<br />

19 Autores como Chafe (1984) e Marcuschi (s.d.a) apontam para uma tendência ao predomínio do diálogo<br />

na fala, e do monólogo, na escrita. To<strong>da</strong>via essa tendência não deve levar a confudir-se diálogo (enquanto<br />

forma) e fala (enquanto mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de), i.e., formas textuais pod<strong>em</strong> implicar diferenças entre mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des,<br />

mas não constitu<strong>em</strong> a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de <strong>em</strong> si. Pod<strong>em</strong>os ter monólogos tanto na fala (conferência, sermão) como<br />

na escrita.<br />

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