Texto completo em PDF - Museu da Vida
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Ao introduzir a noção tipo de ativi<strong>da</strong>de, Levinson (1979) sugere uma distinção<br />
entre a estrutura do evento e a forma como ele é conduzido. O autor diz que para ca<strong>da</strong> tipo<br />
de ativi<strong>da</strong>de existe um esqu<strong>em</strong>a inferencial correspondente. É esta noção que, aplica<strong>da</strong> à<br />
entrevista, leva-nos a supor que a forma de funcionamento de ca<strong>da</strong> tipo de entrevista é<br />
conseqüência direta <strong>da</strong> sua finali<strong>da</strong>de. Assim, entrevistas realiza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> departamentos de<br />
recursos humanos de <strong>em</strong>presas, visando à contratação de funcionários são conduzi<strong>da</strong>s<br />
diferent<strong>em</strong>ente de entrevistas entre advogado-cliente, que buscam extrair argumentos para a<br />
elaboração de documentos relacionados a determinado processo judicial.<br />
No entanto, Marcuschi (1988) adverte que apesar <strong>da</strong>s diversas formas de<br />
funcionamento dos diferentes tipos de ativi<strong>da</strong>de, não se deve considerá-los como<br />
superestruturas. Sua opinião está respal<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> um dos postulados centrais <strong>da</strong> Análise <strong>da</strong><br />
Conversação, que aponta o princípio do raciocínio prático como responsável pelo<br />
desenvolvimento do "espetáculo" <strong>da</strong> interação interpessoal.<br />
Mesmo reconhecendo a importância do raciocínio prático nas interações,<br />
acreditamos na existência de normas que reg<strong>em</strong> ca<strong>da</strong> tipo de entrevista. No caso específico<br />
<strong>da</strong>s entrevistas que compõ<strong>em</strong> o corpus deste trabalho, verificamos uma característica<br />
predominante: os turnos do pesquisador entrevistado são muito maiores que os do repórter,<br />
o qual geralmente interrompe o interlocutor para perguntar sobre determinados aspectos <strong>da</strong><br />
pesquisa relata<strong>da</strong>, in<strong>da</strong>gar sobre o significado de termos técnicos, confirmar informações,<br />
ou simplesmente d<strong>em</strong>onstrar que compreendeu o que está sendo explicado. Esta<br />
característica parece ter relação direta com o objetivo pretendido durante as entrevistas<br />
jornalísticas, i.e., deseja-se obter informações e esclarecimentos sobre determinado assunto<br />
que será levado ao conhecimento de um grande público.<br />
Outro aspecto curioso é que o entrevistado tende a se guiar pela organização<br />
canônica do discurso científico. O repórter, por sua vez, procura direcionar a conversação<br />
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