Texto completo em PDF - Museu da Vida
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Outro estudo que destacamos é o realizado por Alves (1992) que, examinando<br />
depoimentos que ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> audiências de instrução e julgamento <strong>da</strong> Justiça de<br />
Pernambuco, identificou discrepâncias no plano do conteúdo entre depoimento oral e<br />
registro escrito. Vale notar que neste caso, ao contrário do corpus utilizado por Cortelazzo,<br />
o texto original é dialógico (perguntas do Juiz e respostas do depoente) e o texto final é<br />
monológico e, por meio do discurso indireto, traz o depoente como única fonte de<br />
informação.<br />
Entre as operações observa<strong>da</strong>s por Alves, encontram-se a eliminação <strong>da</strong>s perguntas<br />
do Juiz, <strong>da</strong>s hesitações, <strong>da</strong>s repetições e dos marcadores conversacionais; a substituição <strong>da</strong><br />
terminologia coloquial por uma terminologia mais precisa; a eliminação de informações; o<br />
acréscimo de informações disponíveis nos autos e não presentes no depoimento; e a<br />
reordenação tópica com novas amarrações argumentativas e novos conectores.<br />
Perceb<strong>em</strong>os que <strong>em</strong>bora as operações envolvi<strong>da</strong>s na transformação fala-escrita<br />
coinci<strong>da</strong>m parcialmente com as aponta<strong>da</strong>s por Van Dijk, elas difer<strong>em</strong> num ponto<br />
fun<strong>da</strong>mental. Ao contrário de Van Dijk, os estudos sobre fala-escrita aqui mencionados<br />
voltam sua atenção também para aspectos sintáticos e lexicais. Isto ficará mais claro com a<br />
descrição do modelo apresentado por Marcuschi (1993) que, a partir de uma experiência<br />
realiza<strong>da</strong> com alunos de graduação, aprofundou e sist<strong>em</strong>atizou as principais operações que<br />
ocorr<strong>em</strong> nesse tipo de transformação.<br />
O autor considera a transformação fala-escrita como uma ativi<strong>da</strong>de consciente, <strong>em</strong><br />
que são detectados os mais variados tipos de estratégias, e admite que algumas formas<br />
lingüísticas pod<strong>em</strong> ser elimina<strong>da</strong>s e outras introduzi<strong>da</strong>s, algumas substituí<strong>da</strong>s e outras<br />
reordena<strong>da</strong>s. Ele sugere que nesse processo as primeiras mu<strong>da</strong>nças relacionam-se com a<br />
busca <strong>da</strong> idealização e <strong>da</strong> regularização lingüísticas, posteriormente é que surg<strong>em</strong> operações<br />
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