Texto completo em PDF - Museu da Vida
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que nossos ouvintes receb<strong>em</strong> os pensamentos que quer<strong>em</strong>os transmitir<br />
com nossos enunciados".<br />
Posição s<strong>em</strong>elhante t<strong>em</strong> Gumperz (1982), quando diz que qualquer enunciado pode<br />
ser interpretado de várias formas. Mas, ele acrescenta a importância <strong>da</strong>s "pistas de<br />
contextualização" na compreensão de enunciados durante as interações. 35 Dascal e<br />
Weizman (1987) também enfocam a relevância do contexto na interpretação de textos ao<br />
postular<strong>em</strong> que, <strong>em</strong> geral, o leitor/ouvinte acha-se exposto a uma `base de <strong>da</strong>dos' lingüística<br />
que acopla<strong>da</strong> ao contexto permite ao destinatário chegar à interpretação. 36<br />
Seguindo essa linha de pensamento, Marcuschi (1989:4) assinala: "Compreender um<br />
texto é mais do que compreender todos os itens lexicais que o compõ<strong>em</strong>; é mais do que<br />
compreender ca<strong>da</strong> sentença isola<strong>da</strong>mente; é mais do que apenas extrair informações.<br />
Compreender um texto não é apenas operar com base nos materiais lingüísticos". Importa<br />
destacar, pois, que a compreensão requer diferentes tipos de conhecimento. Ou seja, para<br />
entendermos textos, orais ou escritos, são ativados tanto os conhecimentos lingüísticos<br />
quanto os conhecimentos de mundo (extralingüísticos).<br />
Com base no papel do contexto, Dascal e Weizman (1987) propõ<strong>em</strong> um modelo<br />
com vários tipos e níveis de informações contextuais <strong>em</strong>pregados pelo leitor para interpretar<br />
textos escritos. O modelo distingue três níveis de informações (específicas, superficiais e de<br />
fundo), presentes tanto nos conhecimentos extralingüísticos quanto nos metalingüísticos e<br />
mostra as possibili<strong>da</strong>des de o destinatário selecionar as pistas mais relevantes para um<br />
enunciado específico, uma situação específica e um background específico.<br />
Compreender, portanto, não é uma simples tarefa de decifrar ou decodificar<br />
informações inscritas no texto de forma objetiva, pois <strong>em</strong> geral "[...]os fenômenos que<br />
35 Na visão de Gumperz (1982), as "pistas de contextualização" diz<strong>em</strong> respeito a aspectos superficiais<br />
sinalizados pelos falantes e interpretados pelos ouvintes, indicando como o conteúdo s<strong>em</strong>ântico deve ser<br />
entendido e como ca<strong>da</strong> sentença relaciona-se com a que v<strong>em</strong> a seguir.<br />
36 De acordo com Dascal e Weizman (1987), essa base de <strong>da</strong>dos é por vezes ti<strong>da</strong> como o "sentido literal".<br />
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