Texto completo em PDF - Museu da Vida
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estratégias diferentes <strong>em</strong>prega<strong>da</strong>s para relatar uma enunciação anterior<br />
e não uma similitude absoluta".<br />
Anteriormente, Ducrot (1987:187) já propunha a heterogenei<strong>da</strong>de enunciativa do<br />
discurso direto, que considera como um caso particular de dupla enunciação, i.e., "[...] uma<br />
conformi<strong>da</strong>de material <strong>da</strong>s falas originais e <strong>da</strong>s falas que aparec<strong>em</strong> no discurso <strong>da</strong>quele que<br />
relata". Para o autor, a diferença entre estilo direto e indireto não significa que o primeiro<br />
<strong>da</strong>ria a conhecer o conteúdo e sua forma original, e o segundo, só o conteúdo, pois o estilo<br />
direto pode também visar só ao conteúdo, mas para isso escolhe-se uma seqüência de<br />
palavras, imputa<strong>da</strong> a um locutor. Portanto, "[...] o estilo direto implica fazer falar um outro,<br />
atribuir-lhe a responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s falas, isto não implica que sua ver<strong>da</strong>de tenha uma<br />
correspondência literal, termo a termo" (p. 187).<br />
Como b<strong>em</strong> diz Tannen (1989:99), "[...] a fronteira entre discurso direto e indireto é<br />
imprecisa". A autora argumenta que mesmo aparentando citação direta, o diálogo<br />
introduzido é, na reali<strong>da</strong>de, "diálogo construído", ou seja, existe s<strong>em</strong>pre a criação de qu<strong>em</strong><br />
reporta. A autora questiona inclusive a adequação <strong>da</strong> expressão "fala reporta<strong>da</strong>", por<br />
sugerir que, nas citações, pode-se manter as palavras <strong>da</strong>quele que é citado.<br />
Marcuschi (1993:1) segue o pensamento de Tannen quando afirma: "To<strong>da</strong> vez que<br />
repetimos ou relatamos o que alguém disse, até mesmo quanto produzimos as supostas<br />
citações ipsis verbis, estamos transformando, reformulando, recriando e modificando a fala<br />
do outro"(grifo do autor).<br />
Diante do exposto, parece-nos razoável aceitar que é praticamente impossível<br />
alcançar a "literali<strong>da</strong>de" pretendi<strong>da</strong> no discurso direto, especialmente quando se tenta<br />
reproduzir na escrita enunciados orais ou vice-versa. L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>o-nos <strong>da</strong>s conferências<br />
acadêmicas ou mesmo <strong>da</strong>s falas de políticos durante os comícios. Presumimos que, por mais<br />
que os protagonistas desses eventos tent<strong>em</strong> se guiar por textos escritos, dev<strong>em</strong> ocorrer<br />
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