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Texto completo em PDF - Museu da Vida

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Segundo Pratt (1977:174), o que o falante (escritor) implicita <strong>em</strong> <strong>da</strong>do momento se<br />

distingue do que ele diz, i.e., <strong>da</strong> significação literal e convencional <strong>da</strong>s palavras por ele<br />

usa<strong>da</strong>s. Para a autora, o que se diz e o que se implicita formam, juntos, a significação <strong>da</strong><br />

elocução <strong>em</strong> pauta. No entanto, para que se tenha acesso ao implícito é necessário que o<br />

contexto sobre o que está sendo tratado seja mutuamente conhecido. "O conhecimento<br />

partilhado é, portanto, a "chave" <strong>da</strong> compreensão do implícito" (Gomes, 1994:168).<br />

Quando falamos <strong>em</strong> implícitos, outros autores, além de Pratt (1977), pod<strong>em</strong> ser<br />

mencionados, entre eles Ducrot (1987) e Grice (1982). Este último, por ex<strong>em</strong>plo, procura<br />

relacionar a implicitude com o Princípio <strong>da</strong> Cooperação (PC). Em sua concepção, para<br />

tornar a troca de informações maximamente efetiva, os falantes dev<strong>em</strong> observar o (PC). 28<br />

"Pode-se esperar que qu<strong>em</strong> quer que se preocupe com os objetivos que<br />

são centrais na conversação/comunicação (por ex<strong>em</strong>plo, <strong>da</strong>r ou receber<br />

informações, influenciar ou ser influenciado por outros) tenha interesse,<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s as circunstâncias apropria<strong>da</strong>s, <strong>em</strong> participar de conversações<br />

proveitosas, somente supondo que elas são conduzi<strong>da</strong>s de acordo com o<br />

Princípio de Cooperação" (Grice,1982:91).<br />

Mas, na opinião do autor, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre, a violação a alguma <strong>da</strong>s máximas implica a<br />

inobservância ao PC. Considerando que ninguém teria o propósito de, delibera<strong>da</strong>mente,<br />

tornar não efetiva a sua comunicação, determina<strong>da</strong>s infrações são feitas intencionalmente e<br />

geram implicaturas conversacionais, i.e., implicitam sentidos. 29<br />

28 Apesar de direcionado à orali<strong>da</strong>de, o PC pode ser perfeitamente aplicado à comunicação escrita, tendo<br />

sido definido por Grice (1982:86) nos seguintes termos: "Faça sua contribuição tal como é requeri<strong>da</strong>, no<br />

momento <strong>em</strong> que ocorre, pelo propósito ou direção do intercâmbio conversacional <strong>em</strong> que você está<br />

engajado". A partir <strong>da</strong>í, o autor relaciona quatro categorias (Quanti<strong>da</strong>de, Quali<strong>da</strong>de, Relação e Modo), que<br />

se vinculam às máximas: "Seja tão informativo quanto requerido", "Não seja mais informativo do que é<br />

requerido"; "Seja ver<strong>da</strong>deiro", "Não diga o que você acredita ser falso", "Não diga o que você não possa<br />

fornecer evidência adeqüa<strong>da</strong>"; "Seja relevante"; "Seja claro", "Evite obscuri<strong>da</strong>de", "Evite ambigüi<strong>da</strong>de",<br />

"Seja breve" e "Seja ordenado".<br />

29 Grice (1982) distingue implicaturas convencionais <strong>da</strong>s conversacionais. O primeiro tipo é determinado a<br />

partir <strong>da</strong> significação convencional <strong>da</strong>s palavras. Já as conversacionais são gera<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> aparente<br />

violação <strong>da</strong>s máximas conversacionais.<br />

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