Texto completo em PDF - Museu da Vida
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ocorr<strong>em</strong> na compreensão são muito mais uma ativi<strong>da</strong>de de relação de vários el<strong>em</strong>entos do<br />
que a extração de uma informação objetiva. Com isto, compreender é inferir" (Marcuschi,<br />
1989:41) (grifos do autor). Na conceituação de Rickheit, Schontz & Strohener (apud<br />
Marcuschi,1989), inferências são processos cognitivos nos quais os falantes ou ouvintes,<br />
partindo <strong>da</strong> informação textual e considerando o respectivo contexto, constró<strong>em</strong> uma nova<br />
representação s<strong>em</strong>ântica. A partir destas concepções, pod<strong>em</strong>os dizer que, juntamente com<br />
as informações textuais, as inferências contribu<strong>em</strong> para a organização do sentido de um<br />
texto.<br />
Marcuschi (1989) argumenta que o papel <strong>da</strong> inferência no processo de compreensão<br />
é, de certa forma, conseqüência <strong>da</strong> vagueza e ambigüi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s línguas naturais que<br />
solicitam do destinatário de determinado texto ativi<strong>da</strong>des inferenciais. O autor sugere a<br />
existência de três tipos de inferências:(1) as de base textual, (2)as de base contextual e (3)<br />
as s<strong>em</strong> base textual. Em (1) situam-se as inferências lógicas, sintáticas e s<strong>em</strong>ânticas, <strong>em</strong> (2),<br />
as pragmáticas, práticas e cognitivas, e, finalmente, <strong>em</strong> (3) os falseamentos e extrapolações<br />
infun<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
No corpus deste trabalho, exist<strong>em</strong> situações características desses três tipos de<br />
inferência. Mas são as do tipo (3) que mais chamam nossa atenção, por alterar<strong>em</strong><br />
significativamente o sentido do texto-fonte.<br />
Apesar de a produção de textos jornalísticos ter como pressuposto básico a<br />
compreensão do(s) texto(s)-fonte, é natural que, no caso <strong>da</strong>s entrevistas por ex<strong>em</strong>plo,<br />
determinados conhecimentos do entrevistado não sejam partilhados pelo repórter,<br />
resultando na má compreensão de um ou outro aspecto <strong>da</strong> informação. Isto pode gerar<br />
falseamentos que, especialmente no âmbito do jornalismo científico, contribu<strong>em</strong> para<br />
sedimentar o receio à imprensa, presente <strong>em</strong> boa parte <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de científica.<br />
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