Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
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algum da sua conseqüência espiritual adjacente, e a “questão de método” perde<br />
toda conotação intelectual, dissolvendo-se inteiramente <strong>em</strong> uma linguag<strong>em</strong><br />
pictórica feita de luz, cor e espaço.<br />
Se requer t<strong>em</strong>po e atenção para notar que as estruturas de composição se<br />
interligam, com rigorosa e incontestável precisão, na interseção das<br />
perpendiculares, simples e determinantes, atravessadas por pouco diagonais,<br />
s<strong>em</strong>elhante precisão implica um estudo lento e paciente, e não se nota à primeira<br />
vista, dado a simplicidade do resultado pictórico. Por outro lado, Wheelock<br />
(Wheelock, Jr., 15-27) t<strong>em</strong> estudado e ilustrado as referências intelectuais, as<br />
conseqüências simbólicas e os significados alegóricos de determinados quadros<br />
ou detalhes, assim como os interesses óticos, geográficos e astronômicos de<br />
Vermeer, para não falar dos filosóficos e morais, que ainda quando não explícitos,<br />
se vislumbram no planejamento cuidadoso e sereno de cada quadro. Tudo isto<br />
constitui a máxima medida do esboço de cada quadro e se anula na harmonia, no<br />
silêncio e no convite a meditação, donde surge uma sociedade de fundo que não<br />
obstante se liga perfeitamente com a natureza, a calma, a paz interior e inclusive o<br />
sorriso e a alegria de viver.<br />
Certamente, <strong>em</strong> Vermeer, é através do visível que se revela e faz-se presente o<br />
invisível, aquilo que se encontra no íntimo do hom<strong>em</strong> e dá significado à realidade<br />
e a cada momento da vida. Assim reside, talvez, a chave que permite por um lado<br />
penetrar no mundo de Vermeer e sua intensa espiritualidade. Na base da sua obra<br />
se encontra, mais que um amor abstrato pela arte, o amor ao próprio ofício e por<br />
conseguinte o esforço para exercê-lo com a maior perfeição possível.<br />
Compreende-se assim que todo quadro é único e irreptível, s<strong>em</strong> perigo de<br />
monotonia, e constitui, como disse Proust, “um fragmento de um mesmo mundo:<br />
é s<strong>em</strong>pre a mesma mesa, o mesmo tapete, a mesma mulher, a mesma nova é única<br />
beleza” (Schneider, 88). Na realidade, <strong>em</strong> Vermeer há uma nova descrição do