18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

cin<strong>em</strong>a não, é determinado pelos formatos tecnológicos da imag<strong>em</strong> (da película e<br />

da janela da câmara). E esta é, como se compreende uma diferença fundamental.<br />

O cin<strong>em</strong>a só pode ‘enquadrar ao baixo’, como se diz (...). A outra diferença<br />

prende-se com o fato de quando estamos a ver uma pintura, ao contrário do<br />

cin<strong>em</strong>a, o nosso olhar não ser determinado por aquilo que ela esconde, mas por<br />

aquilo que ela mostra. No que diz respeito ao olhar, à própria estrutura narrativa<br />

de uma e outra arte, essa diferença é abissal. Para mim, a pintura e o cin<strong>em</strong>a são<br />

artes que têm mais a ver na distância do que na proximidade que existe entre elas<br />

(Jornal de Letras, 16).<br />

T<strong>em</strong>as, tratamentos, estilos, enquadres ou maneiras de iluminar t<strong>em</strong> influenciado<br />

diversos criadores ao longo do século XX (Ortiz y Piqueras, 1995). No entanto, é<br />

uma influência que deve ser considerada mútua, quer dizer, que t<strong>em</strong> se produzido<br />

nas duas direções. Este duplo paralelismo é mais evidente <strong>em</strong> pintores realistas<br />

preocupados por t<strong>em</strong>áticas que no cin<strong>em</strong>a tenha abordado especificamente.<br />

Grandes diretores de fotografia, como Serra, por ex<strong>em</strong>plo, mencionam a utilidade<br />

que t<strong>em</strong> <strong>em</strong> seu trabalho estudar o uso da luz <strong>em</strong> pintores como Vermeer, La<br />

Tour, R<strong>em</strong>brandt, Caravaggio, Manet ou Gaugin. Serra salienta que:<br />

eu prefiro trabalhar a partir da luz natural, ou da luz lógica (por ex<strong>em</strong>plo: se<br />

t<strong>em</strong>os janelas, uma sala com janelas à esquerda, por que vamos pôr luz à<br />

direita?), o que coincide exactamente com os objectivos da pintura do século<br />

XVII (Jornal de Letras, 15).<br />

Mas é justamente no tratamento da luz que Aumont observa algumas das<br />

principais diferenças, porque a pintura necessita fazer da luz um material plástico<br />

e pode fazê-lo porque não é uma luz real; pelo contrário, o cin<strong>em</strong>a encontra uma<br />

enorme dificuldade precisamente por sua facilidade para captar a luz. A luz afasta<br />

o cin<strong>em</strong>a da pintura, na opinião de Aumont:<br />

A luz só pode afastar o cin<strong>em</strong>a da pintura: ela ainda está por d<strong>em</strong>ais <strong>em</strong> conexão<br />

com as origens fotográficas do cin<strong>em</strong>a, evoca s<strong>em</strong>pre, por d<strong>em</strong>ais, uma natureza<br />

do filme. Além disso, ela é, com freqüência, mais dramática do realmente<br />

pictórica; ela designa, é ativa, faz sentido. A cor, b<strong>em</strong> menos natural (...) não faz<br />

sentido: máximo o recebe <strong>em</strong> consignação. O que o cin<strong>em</strong>a herda da pintura, mas<br />

s<strong>em</strong> o saber, ou s<strong>em</strong> realmente saber o que fazer dela, seria também, essa<br />

passividade, essa “regressão” da cor, essa abertura sobre um outro espaço<br />

(Aumont: 191).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!