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Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

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a princípio se fecha sobre a luz de algo que v<strong>em</strong> a ser o brinco e depois se abre<br />

num afastamento de câmara que revela um plano fixo sobre um fundo escuro do<br />

quadro de Vermeer que de fato foi o inspirador direto do filme e do livro.<br />

Estabelece-se então, o conflito entre a obra literária e a obra cin<strong>em</strong>atográfica: a<br />

riqueza de breves dados psicológicos de Chevalier e a acuidade formalista de<br />

Webber; a profundidade <strong>em</strong> literatura nasce duma ilusão do texto, esta mesma<br />

profundidade no cin<strong>em</strong>a está contaminada de questões plásticas e interpretativas<br />

(uma angulação, uma iluminação, uma sutileza exigida do ator).<br />

Dir-se-ia que o realizador partiu de um guia pictórico que lhe foi dado por<br />

Chevalier e invadiu o estúdio de Vermeer. Webber traz a vantag<strong>em</strong> de que a sua<br />

arte t<strong>em</strong> parentesco plástico com a arte do pintor holandês, mas que por sua vez,<br />

evita fazer de um filme sobre quadros, um filme de quadros; ou de um filme de<br />

encenações, um filme meramente encenado. A escritora logra penetrar mais<br />

diretamente na alma de Griet graças ao uso magistral da narrativa na primeira<br />

pessoa, recurso distante do cin<strong>em</strong>a; e ao dar voz narrativa à Griet, ela acaba por<br />

dar mais detalhes sobre Vermeer.<br />

Uma criada, um artista, uma paixão artística, um conflito entre classes e<br />

responsabilidades, uma sociedade que dá sentido religioso à arte, uma burguesia<br />

que almeja quadros nas paredes, onde o artista deve encontrar um patrono que o<br />

sustente e o alimente, para não passar fome. Um mundo onde as belas mulheres<br />

ocupam-se de atividades simples, cotidianas, dignas de ser pintadas ou contadas.<br />

Vermeer, centrou.se <strong>em</strong> cenas interiores, na tranqüila vida doméstica, nos rostos e<br />

nas atividades de mulheres, “despindo” suas modelos <strong>em</strong> suas pinturas, mas um<br />

despir diferente, revelando a alma que se escondia atrás delas. Nos seus quadros,<br />

Vermeer, parafraseando Dreyer, conseguiu que: “el arte debe representar la vida<br />

interior y no la exterior” (Gárcia, 78).

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