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Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

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Isto prova uma vez mais até que ponto resulta essencial a perspectiva de qu<strong>em</strong><br />

narra. Enquanto a estabilidade espacial, apenas o que foi feito foi falta de<br />

adaptação, posto que não se trata de um romance que se passe no exterior: a ação<br />

fundamental se reduz ao espaço interior da casa de Vermeer. Em relação aos<br />

diálogos, Hetreed se decidiu, s<strong>em</strong> <strong>em</strong>bargo, pelo contrário do recomendado por<br />

Sinisterra. Os diálogos do filme são <strong>em</strong> menor número que na narrativa literária.<br />

Pensamos que com a pretensão de equilibrar de algum modo a falta de intimismo<br />

do enfoque externo: sendo o personag<strong>em</strong> mais silencioso se consegue uma maior<br />

impressão da vida interior.<br />

Uma das perdas na transposição do romance para o roteiro, mas que foi<br />

esplendidamente representada, sobretudo no princípio do romance, é o mundo dos<br />

odores. Já no caso do corte de sub-tramas, talvez a supressão mais importante seja<br />

a de Frans, o irmão de Griet. No romance, a história de Frans atua como contra-<br />

ponto com a situação de Griet; ambos <strong>em</strong>preend<strong>em</strong> uma viag<strong>em</strong> de iniciação<br />

muito similar, apenas diferente no resultado. Em certas ocasiões, Hetreed se<br />

serviu da junção de várias cenas <strong>em</strong> uma só, como no caso da açougue. Também<br />

Tanneke, a desajeitada e hostil criada do romance, se transforma <strong>em</strong> uma<br />

<strong>em</strong>pregada eficaz e experiente, e além mais, uma companheira compreensiva e<br />

quase cúmplice.<br />

Mas, talvez, a alteração que nos parece mais notável, devido as conseqüências que<br />

acarreta, provenha da ação de furar o lóbulo da orelha. Tal fato produz no<br />

romance de forma graduada – durante um certo período de t<strong>em</strong>po – e é uma ação<br />

solitária. O ritual deve ser encarado por ela mesma, s<strong>em</strong> ajuda de ninguém.<br />

Hetreed, ao transformar este acontecimento, muda <strong>em</strong> grande parte o sentido da<br />

obra. Na narração cin<strong>em</strong>atográfica, o pintor, a pedido de Griet, se encarrega de<br />

furar com a agulha o lóbulo da orelha. A estas alturas, a ninguém passa<br />

desapercebido que esta cena pulsa uma metáfora de consumação amorosa e a<br />

perda da virgindade. Tendo passado, então, de uma história de aprendizag<strong>em</strong> e

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