Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
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conceitos da teoria e da crítica literária (Ibid<strong>em</strong>, 107). Seguindo algumas<br />
teorizações cont<strong>em</strong>porâneas sobre a tradução, mais funcionais que normativos,<br />
Clüver retoma um conhecido trabalho de Roman Jakobson sobre a possibilidade<br />
de tradução, transmutação e transposição de mensagens-textos entre distintos<br />
sist<strong>em</strong>as de signos. Seu ponto de vista , “esencialmente conservador” (Ibid<strong>em</strong>,<br />
106), coincide no essencial com a estética comparada de Étienne Souriau <strong>em</strong> A<br />
Correspondência das <strong>Arte</strong>s, onde sustenta que “as distintas artes parec<strong>em</strong>-se às<br />
línguas distintas, onde a imitação exige tradução” (Souriau, 16).<br />
Clüver assinala que este tipo de transmutação reproduz as dificuldades da<br />
tradução interlingüística “en función de la s<strong>em</strong>ántica del sist<strong>em</strong>a poético” (Clüver,<br />
95), quer dizer, não no nível lingüístico mas sim no literário. Ainda admite que as<br />
maiores variações nas “transposiciones inters<strong>em</strong>ióticas” ocorr<strong>em</strong> no plano da<br />
materialidade, sua maior preocupação é d<strong>em</strong>onstrar que “significados casi<br />
idénticos pueden construirse a partir de dos textos pertenecientes a sist<strong>em</strong>as<br />
sígnicos distintos” (Ibid<strong>em</strong>, 107). Assim, segundo Clüver, a transferência de<br />
significado ocupa um papel central. Os fenômenos de ord<strong>em</strong> da materialidade,<br />
quer dizer, de ord<strong>em</strong> da inscrição das palavras e das figuras, se caracterizam por<br />
sua natureza adversa das transposições inter-artísticas: a inadequação da palavra<br />
para dar conta do visual e a violência que o processo ecfrástico exerce sobre a<br />
obra poética, o “texto” visual (Ibid<strong>em</strong>, 94).<br />
A última afirmação pode relativizar-se se esta revelância de significado, entendido<br />
por Clüver como uma relação denotativa com uma referência fixa, como uma<br />
significação “casi idéntica” entre obras pertencentes a distintos sist<strong>em</strong>as estéticos,<br />
reformula-se <strong>em</strong> termos da noção de sentido, entendida como construção subjetiva<br />
e, <strong>em</strong> conseqüência, interpretativa, que se projeta sobre o plano da imaginação de<br />
autor e de leitor-observador, mantendo um compromisso de fidelidade com a obra<br />
original sujeito somente à intenção criativa. Dado que o texto literário ekphrastic<br />
nunca oferece uma representação fiel do quadro ou do objeto referente, a