18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

conclusão de Souriau sobre as relações inter-artísticas que, “a imitação exige<br />

tradução”, pode reformular-se como “a tradução implica interpretação”.<br />

Para Riffaterre, a interpretação do observador-escritor s<strong>em</strong>pre antecede a<br />

representação e impede que seja uma reprodução exata do original: “quien se<br />

inscribe en el objeto pictórico no es el pintor, sino otro sujeito. [...] para el escritor<br />

es una enunciación” (Riffaterre, 174). Isso revela o propósito da escrita ekphrastic<br />

(Ibid<strong>em</strong>, 173-174), que não é s<strong>em</strong>elhante a construir uma ilusão do objeto com<br />

el<strong>em</strong>entos que o escritor inventa e não ser fiel ao que o objeto é. O texto<br />

ekphrastic não decifra a obra de arte mas sim a qu<strong>em</strong> a observa. Não é imitação, é<br />

uma fenômeno que pertence à ord<strong>em</strong> da inter-textualidade, um plano onde<br />

conflu<strong>em</strong> escrita, imagens plásticas e imaginação poética. Assim se fecha o<br />

“círculo mágico da criação” (Gombrich, 169), desenvolvido pelo artista, sua obra<br />

e a “participação do observador” [beholder´s share] (Ibid<strong>em</strong>) que a cont<strong>em</strong>pla,<br />

quer dizer, o círculo formado pelo escritor-descritor, o texto e o leitor que a<br />

interpreta.<br />

A importância da interpretação e as s<strong>em</strong>elhanças entre transposições pictórica-<br />

literária e tradução permite conjeturar que, do mesmo modo que segundo Walter<br />

Benjamin (Benjamin: 1967, 87) uma tradução roça o original <strong>em</strong> um ponto<br />

infinitamente pequeno da esfera do sentido, o texto ekphrastic toca<br />

tangencialmente à obra de arte <strong>em</strong> algum ponto da esfera da sua imperfeição. A<br />

imaginação trabalha sobre o que uma obra oferece de inacabado à observação ou a<br />

recordação do escritor. “What the imagination seizes as Beauty must be truth –<br />

whether it existed before or not – […]”, escreveu Keats, (http://www.john-<br />

keats.com/) <strong>em</strong> uma afirmação onde parece repercutir o final do seu po<strong>em</strong>a Ode<br />

on a Grecian Urn: «”Beauty is truth, truth beauty,” – that is all”» (Ibid<strong>em</strong>).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!