Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
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A autora, costura um texto só, com as mesmas personagens do começo ao fim.<br />
Produz um romance no sentido tradicional, <strong>em</strong> que um único enredo conduz toda<br />
a trama. A originalidade do livro prende-se com a circunstância de o ponto de<br />
vista adotado ser de uma criada. A escritora expõe os recônditos sentimentos de<br />
uma moça na Delft do século XVII, chamada Griet, suposta criada, que mais tarde<br />
também é elevada à categoria de assistente e musa/modelo do pintor, que observa<br />
e descreve o trabalho do mestre ao mesmo t<strong>em</strong>po que partilha com o leitor uma<br />
etapa crucial do seu crescimento e da sua formação.<br />
Um sentido, no entanto, percorre o texto, o de que a arte não é decoração. Griet, a<br />
jov<strong>em</strong> criada da família, revela-se particularmente fascinada pelo mestre e pela<br />
sua obra e a sua perspectiva sui generis permite uma descrição pormenorizada e<br />
exaustiva de todos os procedimentos técnicos-artísticos levados a cabo pelo pintor<br />
na preparação e elaboração das suas produções. Como figura central do romance,<br />
Griet, revela uma sensibilidade artística aparent<strong>em</strong>ente contraditória com a sua<br />
condição social, vive até o limite a sua admiração pelo pintor e pelo seu talento,<br />
entregando-se-lhe incondicionalmente. Figura irresistível, a personag<strong>em</strong><br />
transforma-se a pouco e pouco no modelo que posa para o pintor e, finalmente, na<br />
figura retratada, submetendo-se a todas as exigências pelo amor do artista e da sua<br />
obra. Indiretamente, a personag<strong>em</strong> ensina que a arte retrata a experiência de estar<br />
no mundo. Ajuda a resolver, de forma literal ou metaforicamente, conceitos e<br />
conflitos vividos por diferentes sujeitos.<br />
A escritora, que já conseguiu apreciar de perto 28 das 35 obras do pintor holandês,<br />
inventa uma vida verossímil para Vermeer. O foco s<strong>em</strong>pre é a sua obra, pois dele<br />
pouco se sabe. Aborda-se, tecnicamente, apenas o talento, a qualidade da pintura,<br />
pois Vermeer nada deixou registrado <strong>em</strong> textos ou fez uso do desenho, b<strong>em</strong> como,<br />
não teve aprendizes. Chevalier parte desse vácuo biográfico para compor seu<br />
enredo, ao criar um Vermeer s<strong>em</strong>pre calado e envolvido com suas pinturas,<br />
acompanhando o seu lento progresso, através de um conjunto de descrições de