Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
alguns personagens e de alguns cenários, como também estão presentes<br />
determinadas estruturas narrativas e uma maneira de narrar definida. Isto quer<br />
dizer que, no geral, um filme terá que ser escrito antes de ser filmado. E esta é<br />
uma das razões porque na maior parte do cin<strong>em</strong>a clássico ou de tradição clássica,<br />
o principal é o modo como se conta uma história, de forma clara e fluída, do que o<br />
aspecto puramente plástico ou visual do filme. Não é de se estranhar, portanto,<br />
que a este respeito, haja qu<strong>em</strong> diga, da existência de um cin<strong>em</strong>a de roteiristas ou<br />
de escritores (ou inclusive de escritores metidos a roteiristas ou de roteiristas com<br />
pretensões a ser<strong>em</strong> escritores).<br />
O cin<strong>em</strong>a s<strong>em</strong>pre aprendeu com a literatura, não só filmando suas histórias mas<br />
também reproduzindo seus procedimentos narrativos. Usando o livro de Erich<br />
Auerbach, Mimesis: A Representação da Realidade na Literatura Ocidental,<br />
como referência, pod<strong>em</strong>os resumir seus conceitos e encontrar os modos de<br />
representação da realidade na literatura que o cin<strong>em</strong>a tomou de <strong>em</strong>préstimo,<br />
assim:<br />
De Homero o cin<strong>em</strong>a aprendeu o flash-back e a idéia de que cronologia é vício.<br />
De Petrônio, o poder dramático da prosódia e a subjetividade do discurso.<br />
De Dante, a vertig<strong>em</strong> dos acontecimentos, a rapidez para mudar de assunto.<br />
De Boccaccio, a idéia da fábula como entretenimento.<br />
De Rabelais, os delírios visuais e a certeza de que a arte é tudo que a natureza não<br />
é.<br />
De Montaigne, o esforço para registrar a condição humana.<br />
De Shakespeare, Cervantes (e também Giotto) a corporalidade do personag<strong>em</strong> e o<br />
poder da tragédia.<br />
De Moliére o cin<strong>em</strong>a aprende que a história é uma máquina.<br />
Volatire ensinou a decupag<strong>em</strong>, a técnica do holofote e o humor como forma<br />
avançada da filosofia.<br />
De Gothe o cin<strong>em</strong>a aprendeu o prazer do sofrimento alheio.<br />
De Stendhal e Balzac v<strong>em</strong> o realismo, a narração off e o autor como personag<strong>em</strong>.<br />
De Flaubert, v<strong>em</strong> a imag<strong>em</strong> dramática e o roteiro como tentativa de literatura.<br />
Bretch é o pai do cin<strong>em</strong>a-teatro e a idéia de que realismo t<strong>em</strong> hora (Auerbach:<br />
1992).<br />
Se é verdade que os procedimentos narrativos literários são utilizados de<br />
<strong>em</strong>préstimo na linguag<strong>em</strong> cin<strong>em</strong>atográfica, também não pod<strong>em</strong>os negar que a