Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
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Narrada no mesmo tom <strong>em</strong> que os quadros de Vermeer o faz<strong>em</strong>, a estética da<br />
película - excelente e com uma fotografia que nos leva diretamente aos quadros<br />
do pintor holandês, - que deseja ser um fio condutor, dando mais peso as leituras<br />
visuais e gestuais que propriamente ao roteiro, um roteiro que ainda que adapta<br />
corretamente o romance <strong>em</strong> que se inspirou, comete certos erros sobre a forma de<br />
apresentar o conflito real do pintor. O argumento apresenta fragilidades e pouca<br />
consistência, ao contrário do que Chevalier, de certa forma, consegue no romance.<br />
O romance é narrado na primeira pessoa, qu<strong>em</strong> conta a história é Griet, a criada e<br />
modelo do artista para o quadro-título; a lenta aproximação de Griet do interior<br />
artístico de Vermeer, ajudando-o a achar soluções para seus impasses estéticos, o<br />
deslumbramento da rapariga iletrada com os mistérios daquele hom<strong>em</strong>-pintor, e a<br />
revolução que uma simples criada causa numa típica família burguesa da Holanda<br />
no século XVII, tudo chega à percepção do leitor pelos olhos grandes<br />
transformados <strong>em</strong> palavras que a protagonista vai descrevendo nas páginas do<br />
romance. Assim, a habilidade de Chevalier está principalmente <strong>em</strong> captar, de<br />
maneira sensível e objetiva, a alma simplória de Griet, uma adolescente de<br />
dezessete anos que vê as trivialidades de sua vida ser<strong>em</strong> transtornadas pela<br />
descoberta de um universo com que nunca sonhara.<br />
Webber despreza o uso literário da primeira pessoa. A autora do roteiro, Olivia<br />
Hetreed, considerou a figura do narrador, utilizado por Chevalier, uma solução<br />
muito “moderna” (DVD: <strong>Girl</strong> <strong>with</strong> a <strong>Pearl</strong> <strong>Earring</strong>) para a época que o filme<br />
pretendia retratar, ao mesmo t<strong>em</strong>po que poderia tornar a protagonista d<strong>em</strong>asiado<br />
consciente do seu papel na história. O desafio era, segundo Hetreed, “encontrar<br />
uma forma diferente de transportar para o ecrã essa voz interior” (Ibid<strong>em</strong>). No<br />
entanto, nunca se chega a atingir esse efeito e a narrativa torna-se à medida que o<br />
filme avança, abrupta.