Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
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O texto fílmico narra freqüent<strong>em</strong>ente uma história, uma seqüência de eventos<br />
ocorridos a determinadas personagens num determinado espaço e num<br />
determinado t<strong>em</strong>po, e por isso mesmo é tão freqüente e congenial a sua relação<br />
inters<strong>em</strong>iótica com textos literários nos quais também se narra ou se representa<br />
uma história (Silva: 1990, 178).<br />
Em termos históricos, Jacques Aumont, Alain Bergala, Michel Marie e Marc<br />
Vernet defend<strong>em</strong> que a aproximação entre o cin<strong>em</strong>a e a narração se deve a três<br />
fatores: a imag<strong>em</strong> móvel figurativa, a imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> movimento e a busca de uma<br />
legitimidade (Aumont, Bergala, Marie e Vernet: 2002). Eles reconhec<strong>em</strong> que,<br />
"Por definição, o narrativo é extra-cin<strong>em</strong>atográfico, pois se refere tanto ao teatro,<br />
ao romance, quanto à conversa cotidiana: os sist<strong>em</strong>as de narração foram<br />
elaborados fora do cin<strong>em</strong>a" (Ibid<strong>em</strong>, 96).<br />
O simples fato de mostrar, de representar um objeto de maneira a possibilitar o<br />
seu reconhecimento é um ato de ostentação que traz a intenção de se dizer algo a<br />
seu respeito. Além do mais, qualquer objeto é um discurso <strong>em</strong> si, uma vez que,<br />
mesmo antes de sua reprodução, já veicula para a sociedade uma série de valores.<br />
"Deste modo, qualquer figuração, qualquer representação chama a narração,<br />
mesmo <strong>em</strong>brionária, pelo peso do sist<strong>em</strong>a social ao qual o representado pertence e<br />
por sua ostentação" (Ibid<strong>em</strong>, 90).<br />
Por outro lado, a imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> movimento está <strong>em</strong> constante transformação e ao<br />
mostrar a passag<strong>em</strong> de um estado da coisa representada para outro, exige t<strong>em</strong>po,<br />
como ocorre, aliás, a qualquer história, que, na realidade, corresponde ao<br />
encaminhamento de um estado inicial a um estado terminal, esqu<strong>em</strong>atizando-se<br />
através de uma série de transformações.<br />
Assim é que o próprio cin<strong>em</strong>a puro ou experimental conserva s<strong>em</strong>pre algo de<br />
narrativo e "para que um filme seja plenamente não narrativo, seria preciso que<br />
ele fosse não representativo, isto é, que não se possa perceber relações de t<strong>em</strong>po,