18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mantém-se distante. Ela fica de fora do que a ele é mais íntimo, da sua<br />

sensibilidade artística. Catharina só conhece o hom<strong>em</strong> – o esposo, o provedor, faz<br />

certo jogo de sedução e lhe dá onze filhos. Vinda de família burguesa foi<br />

acostumada ao luxo, jóias e serviçais. Não sabe lidar com dificuldades financeiras,<br />

e muito menos gerenciar a casa. Sua mãe, que com ela habita, dirige a casa e a<br />

vida artística do genro. Dona Maria Thins é qu<strong>em</strong> negocia com o mecenas o<br />

próximo quadro a ser pintado, até mesmo o t<strong>em</strong>a; a ele, o artista, cabe apenas<br />

executar.<br />

Griet entra no atelier com cuidado, olha para tudo com encanto, curiosidade, mas<br />

s<strong>em</strong> espanto. No fundo de alguma maneira esse universo lhe é familiar, <strong>em</strong>bora<br />

nunca tenha nele entrado. Seus gestos são lentos, delicados, no que toca o faz com<br />

cuidado. Antes de limpar a janela pergunta a senhora Catharina se deve fazê-lo,<br />

d<strong>em</strong>onstrando sua perspicácia e acuidade visual, fato que não passa despercebido<br />

a Maria Thins, que fica surpresa diante do comentário da criada. A patroa não t<strong>em</strong><br />

sensibilidade, d<strong>em</strong>onstra certo descontentamento, e Griet apenas responde: “Pode<br />

alterar a luz da sala”. A senhora não compreende a dimensão do que lhe foi dito,<br />

não t<strong>em</strong> nenhuma familiaridade com o universo artístico, e diz que sim as janelas<br />

dev<strong>em</strong> ser limpas.<br />

Esse diálogo evidencia o quanto uma está próxima e a outra distante do mundo de<br />

Vermeer, mesmo que a esposa divida com ele o leito conjugal, não o conhece<br />

enquanto artista. O dia a dia aproxima Griet e o pintor. A curiosidade manifestada<br />

pela cor no quadro, que a seu ver não é a correta, faz com que ele perceba ainda<br />

mais a sua sensibilidade, e então lhe diz que a cor usada é um tom básico e lhe<br />

explica o processo de tratamento na cor por ele dado. Convida-a chegar à janela e<br />

pede-lhe que diga o que vê nas nuvens, sua resposta fortalece a ligação entre os<br />

dois, selando certa cumplicidade. É a senha final de entrada no mundo do artista.<br />

A convivência e a observação da construção das obras faz<strong>em</strong> com que Griet<br />

perceba que a cadeira está d<strong>em</strong>ais <strong>em</strong> certa composição. Ela nada diz, mas tira a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!