18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Foram os editores de Filostrato (autor de um livro de Eikones, coleção de<br />

descrições de quadros) qu<strong>em</strong> no século XVIII e sobretudo no século XIX<br />

começaram a associar sist<strong>em</strong>aticamente o termo ekphrasis com a descrição de<br />

obras de arte no mundo bizantino. Leo Spitzer, nos anos 50 do século XX, tirou o<br />

vocábulo do âmbito da literatura e da arte antiga e o pôs a disposição dos New<br />

Critics e dos comparatistas, com qu<strong>em</strong> havia de ficar definitivamente. A definição<br />

de Spitzer é a primeira que designa a ekphrasis como “the poetic description of a<br />

pictorial or sculptural work of art” (Spiter, 67-97). 15 Os trinta anos que se<br />

seguiram ao artigo de Spitzer sobre o po<strong>em</strong>a de Keats cont<strong>em</strong>plaram o<br />

desenvolvimento paulatino deste setor da crítica e da teoria da literatura, mas foi<br />

sobretudo na década dos noventa quando os especialistas fizeram estudos que<br />

denotavam uma presença já mais do que notável no campo dos estudos<br />

literários. 16<br />

Em relação aos trabalhos sobre a ekphrasis publicados nestes últimos dez anos,<br />

sobretudo no âmbito anglo-americano, não é difícil estabelecer que o interesse dos<br />

estudiosos tenha tomado dois caminhos: por um lado elucidação do termo do<br />

ponto de vista teórico, terreno que, ao que parece, está todavia longe de esgotar-<br />

se; e por outro lado, a colocação <strong>em</strong> prática de mecanismos hermenêuticos que<br />

abord<strong>em</strong> textos específicos, <strong>em</strong> geral poéticos. Ainda a título de simplificar, as<br />

proposições teóricas se centram sobretudo na discussão sobre a amplitude do<br />

termo: até que ponto a ekphrasis é uma descrição “literária” ou simplesmente<br />

“verbal”? (grifos meus); seria um paradoxo aceitar que existe ekphrasis narrativas<br />

e não meramente descritivas?; que tipos de objetos artísticos se incorporam à<br />

ekphrasis, só os que “representam” (grifo meu) a realidade ou qualquer outro:<br />

uma coluna, uma ponte, uma vasilha, uma pintura abstrata?; seria legítimo<br />

15 A este trabalho o havia precedido outro sobre a passag<strong>em</strong> da terceira égloga de Garcilaso onde<br />

as ninfas bordam tapetes com cenas mitológicas, na qual Spitzer já usa o termo com este<br />

significado, ainda que não o defina.<br />

16 Estudo essencial neste itinerário prévio dos anos noventa foi o estudo de Jean H. Hagstrum, The<br />

Sister Arts: The Tradition of Literary Pictorialism and English Poetry from Dryden to Gray,.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!