18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

como no caso da pintura, geraram movimentos alternativos até ao outro extr<strong>em</strong>o<br />

(prioridade da forma sobre o conteúdo).<br />

O cin<strong>em</strong>a, ou mais precisamente sua linguag<strong>em</strong>, como arte do t<strong>em</strong>po e do espaço,<br />

considerou desde as suas origens a representação pictórica como uma referente<br />

importante, pois pode organizar-se como um quadro. Assim, a maneira de<br />

enquadrar um plano fílmico segue as mesmas regras que a pintura, ao tratar-se <strong>em</strong><br />

ambos os casos de uma representação bidimensional. Com sua invenção, Louis<br />

Lumière fixou para s<strong>em</strong>pre aquilo que obcecou aos pintores: o fugidio, o efémero,<br />

o impalpável, o decorrer do t<strong>em</strong>po. Nos finais do século XIX, a pintura no cin<strong>em</strong>a<br />

aparecia como uma referência estética, e servia como ex<strong>em</strong>plo as películas<br />

bíblicas que se fizeram durante os primeiros anos de existência do cin<strong>em</strong>atógrafo.<br />

As relações entre o cin<strong>em</strong>a e a pintura, explicadas <strong>em</strong> outros níveis, não apoiadas<br />

na imitação das formas pictóricas, – que segundo João Mário Grilo, (Jornal de<br />

Letras: 2004) o cin<strong>em</strong>a vai buscar essencialmente ao modelo clássico da pintura,<br />

na sua organização de espaço composta pela figura humana, pelos personagens e<br />

pelas relações que estabelec<strong>em</strong> entre si, - surg<strong>em</strong> nos anos 30 do século XX,<br />

quando o cin<strong>em</strong>a começa a libertar-se das formas el<strong>em</strong>entares da narração. Que na<br />

opinião de Grilo:<br />

Ao lado deste modelo [clássico], existe uma outra atitude, que olha a pintura,<br />

procurando, precisamente, o modo como ela interpela o “impossível” visual do<br />

cin<strong>em</strong>a, a que o cineasta só t<strong>em</strong> acesso inventando estruturas visuais que muitas<br />

vezes contrariam o aspecto imediato, clássico, da imag<strong>em</strong> do cin<strong>em</strong>a (Jornal de<br />

Letras, 16-17).<br />

É o mesmo Grilo que dá um ex<strong>em</strong>plo, ao referir-se à curta-metrag<strong>em</strong> que Alain<br />

Resnais rodou sobre Van Gogh:<br />

Este filme reforça precisamente a ideia de descontinuidade, para mostrar b<strong>em</strong> que<br />

o que estava a filmar não era uma cópia, mas uma tentativa de reconstituição<br />

cin<strong>em</strong>atográfica da sensação que o espectador t<strong>em</strong> perante um quadro do pintor<br />

(Ibid<strong>em</strong>, 17).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!