Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
intuitiva face aos absolutos, sobre a qual funda o seu método crítico. Ao insistir na<br />
especificidade dos meios de expressão de cada uma das artes, Lessing deu a<br />
conhecer a “endogénesis” das obras, o fato de que uma obra se ajusta segundo<br />
regras que pertenc<strong>em</strong> exclusivamente ao seu campo estético (Todorov 1991: 32).<br />
Thomas de Quincey afirmou que Lessing havia sido o fundador da crítica al<strong>em</strong>ã e,<br />
(http://www.gut<strong>em</strong>ber.org) na atualidade, foi considerado o fundador da estética<br />
moderna por sua atitude inovadora <strong>em</strong> relação ao fenômeno artístico (Todorov,<br />
1991: 37), de maneira exatamente oposta ao redutor ponto de vista de Babbitt.<br />
Segundo Gombrich (1995, 36), Lessing adiantou-se aos postulados esteticistas do<br />
filósofo al<strong>em</strong>ão J. G. Herder (1774-1803) ao pronunciar-se contra o didatismo na<br />
arte poética e a favor da beleza como único critério de medida da criação artística,<br />
e havia sido, pois, o primeiro a enunciar a teoria de l’art pour l’art.<br />
Conceitualizada pelo pensamento estético dos primeiros românticos al<strong>em</strong>ães, a<br />
teoria l’art pour l’art alcançaria seu desenvolvimento máximo a partir da segunda<br />
metade do século XIX, paradoxalmente através de autores que assimilaram as<br />
artes entre si de maneira intensa e continuada: Théophile Gautier, Charles<br />
Baudelaire, Walter Pater e Oscar Wilde.<br />
O ex<strong>em</strong>plo de Wilde é significativo neste sentido. O programa de Lessing a<br />
respeito à arte é uma crítica s<strong>em</strong> ligações morais n<strong>em</strong> religiosas como é<br />
reconhecível nos ensaios que Wilde compilou <strong>em</strong> 1891 com o título Intentions,<br />
nos quais afirma que “a arte nunca expressa nada mais que não seja a si mesma”<br />
(Wilde: 1995: s/f 1103). Parte dos parâmetros que utiliza para comparar a<br />
literatura e a pintura <strong>em</strong> The Critic as Artist são <strong>em</strong> última estância de filiação<br />
lessingniana. Gilbert, um dos personagens que participa no diálogo, acredita que o<br />
domínio da pintura é mais reduzido que o da literatura, posto que a esta<br />
corresponde representar ações, e que a linguag<strong>em</strong> e a técnica dos pintores são<br />
inferiores a dos poetas. A literatura é uma arte t<strong>em</strong>poral, “que nos mostra o corpo<br />
<strong>em</strong> seu ágil movimento e a alma <strong>em</strong> seu desassossego” (Ibid<strong>em</strong>, s/f 1162); e os