Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
começa a surgir entre criada e artista, uma atração que jamais irá para além de um<br />
toque, um sussurro, um olhar, uma atração, cujo ponto culminante será a decisão<br />
de usar a jov<strong>em</strong> como modelo/t<strong>em</strong>a para sua obra. No entanto, o filme é incapaz<br />
de justificar, de uma forma coerente, a opção de Chevalier <strong>em</strong> fugir ao lugar<br />
comum, ou seja, à paixão entre o amo e a criada. A relação platônica que se cria,<br />
por meio de cumplicidade estéticas, não t<strong>em</strong>, assim, t<strong>em</strong>po no filme para<br />
amadurecer.<br />
Um outro aspecto importante a ser destacado refere-se à sensualidade do filme,<br />
pois há diversas cenas de cumplicidade, de olhares sensuais, mas que parec<strong>em</strong><br />
ficar num plano platônico. Entretanto, há dois momentos particularmente<br />
interessantes a ser<strong>em</strong> evidenciados, pois indicam certa frustração da parte de Griet<br />
e que, de alguma maneira, ela tenta “exorcizar”: um é quando Griet entra na sala e<br />
presencia uma cena de intimidade entre Vermeer e Catharina, ela está ao piano<br />
enquanto ele lhe faz carinho. A passag<strong>em</strong> da câmara entre ela e o casal, cuja cor<br />
predominante é o vermelho, é particularmente interessante, e parece despertar<br />
uma ponta de ciúme <strong>em</strong> Griet. A cena seguinte faz um corte brusco no clima<br />
romântico ao mostrar Griet correndo com o namorado no campo, ela o beija<br />
bruscamente com certa força, como se quisesse viver algo s<strong>em</strong>elhante ao que<br />
havia visto na véspera.<br />
O outro momento também de muita sensualidade é quando Griet perfura a orelha<br />
para colocar o brinco. Delicadamente ela pede a ele que o faça. O gesto da<br />
perfuração é permeado de carinho e sensualidade, ele limpa sua lágrima com a<br />
ponta dos dedos toca os seus lábios e afasta-se. Esta é a única exepção ao<br />
envolvimento meramente platônico entre os protagonistas. Mas é uma cena<br />
incómoda por seu simbolismo, d<strong>em</strong>asiado evidente <strong>em</strong> sua metáfora, lágrima e<br />
sangue misturados, mostrando o que apenas deveria ser sugerido. No romance, o<br />
perfurar do lóbulo da orelha, d<strong>em</strong>onstra apenas uma obsessão perfeccionista do<br />
pintor, pois ele exige que a modelo use os dois brincos, <strong>em</strong>bora só um deles vá