18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No entanto, será Griffith que a partir de 1908 substituiu a entrada <strong>em</strong> cena teatral<br />

por uma nova entrada <strong>em</strong> cena que, <strong>em</strong> sua opinião, pretendia ser uma imitação da<br />

vida real (Brunetta, 1987; Company, 1987). E para isto irá inspirar-se nos<br />

romances do século XIX, principalmente nos romances de Dickens. Com efeito,<br />

Griffith começa, como já nos referimos, a aplicar ao cin<strong>em</strong>a técnicas e formas de<br />

narrar transportadas dos romances do século XIX, fato que, a princípio, provocou<br />

a rejeição dos produtores para os quais trabalhava; estes não aceitavam, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, que <strong>em</strong> uma película se pudesse passar diretamente do primeiro plano<br />

de uma mulher no interior da sua casa para o primeiro plano do seu marido,<br />

abandonado <strong>em</strong> uma ilha deserta. Pensavam que com s<strong>em</strong>elhantes saltos<br />

narrativos, o público, não iria entender absolutamente nada. Para tranqüilizá-los,<br />

Griffith explicou-lhes que Dickens escrevia seus romances dessa maneira, “la<br />

única diferencia” – disse -, “es que yo hago novelas en imágenes” (Brunetta, 57).<br />

Desta forma, Griffith romperá, por fim, com os princípios básicos do teatro como<br />

espetáculo, princípios que, ao ser<strong>em</strong> aplicados ao cin<strong>em</strong>a, se haviam traduzidos,<br />

<strong>em</strong> uma distância determinada e invariável da câmara <strong>em</strong> relação a cena, uma<br />

visão totalizadora do espaço da ação e uma ausência de mudanças de perspectiva<br />

fora das mudanças de plano. Frente a isto, Griffith dividirá, <strong>em</strong> primeiro lugar,<br />

cada seqüência <strong>em</strong> planos separados e diferentes enquanto à distancia <strong>em</strong> relação<br />

a cena e enquanto ao ângulo e perspectiva do enquadre; e depois, converterá a<br />

montag<strong>em</strong> no principio organizador dos tais planos; esta montag<strong>em</strong> encaixará,<br />

pois, não só <strong>em</strong> cenas mais ou menos extensas, mas também os detalhes mais<br />

pequenos das mesmas, como se foss<strong>em</strong> as peças de um mosaico colocados <strong>em</strong><br />

ord<strong>em</strong> cronológica.<br />

O importante é que, graças a estes novos princípios, Griffith se converte no<br />

grande “novelista do cin<strong>em</strong>a” e no autêntico e indiscutível sist<strong>em</strong>atizador de uma<br />

nova linguag<strong>em</strong>. Com ele, assistimos a gestação de uma gramática<br />

cin<strong>em</strong>atográfica que já nada tinha que ver com o teatro, mas sim com o romance.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!