Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
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de sucessão, de causa ou de conseqüência entre os planos ou os el<strong>em</strong>entos"<br />
(Ibid<strong>em</strong>, 93).<br />
A terceira razão que levaria o cin<strong>em</strong>a a <strong>em</strong>penhar-se <strong>em</strong> desenvolver suas<br />
capacidades de narração estaria apoiada, segundo os autores, na preocupação <strong>em</strong><br />
ser reconhecido como arte. Superar a condição de ‘espetáculo vil’, de ‘atração de<br />
feira’, "exigia que o cin<strong>em</strong>a se colocasse sob os auspícios das ‘artes nobres’ que<br />
eram, na passag<strong>em</strong> do século XIX para o século XX, o teatro e o romance"<br />
(Ibid<strong>em</strong>, 91).<br />
Para os autores, o grande interesse que atualmente se verifica no estudo do caráter<br />
narrativo do cin<strong>em</strong>a "reside, <strong>em</strong> primeiro lugar, no fato de que ele, ainda hoje, é<br />
predominante e que por meio dele é possível captar o essencial da instituição<br />
cin<strong>em</strong>atográfica, seu lugar, suas funções e seus efeitos, para situá-los dentro da<br />
história do cin<strong>em</strong>a, das artes e até simplesmente da história" (Ibid<strong>em</strong>, 97),<br />
acrescentando que, no entanto, já é "possível estabelecer um modelo próprio ao<br />
narrativo cin<strong>em</strong>atográfico, diferente, segundo certos aspectos, de um narrativo<br />
teatral ou romanesco" (Ibid<strong>em</strong>, 96).<br />
A narração estabeleceu-se como uma característica que unia literatura e cin<strong>em</strong>a,<br />
distintos sist<strong>em</strong>as s<strong>em</strong>ióticos. Como postula Aguiar e Silva:<br />
Todo o texto narrativo, independent<strong>em</strong>ente do(s) sist<strong>em</strong>a(s) s<strong>em</strong>iótico(s) que<br />
possibilita(m) a sua estruturação, se especifica por nele existir uma instância<br />
enunciadora que relata eventos reais ou fictícios que se suced<strong>em</strong> no t<strong>em</strong>po – ao<br />
representar eventos, que constitu<strong>em</strong> a passag<strong>em</strong> de um estado a outro estado, o<br />
texto narrativo representa também necessariamente estados -, originados ou<br />
sofridos por agentes antropomórficos ou não, individuais ou colectivos, e situados<br />
no espaço do mundo <strong>em</strong>pírico ou de um mundo possível (Silva: 1988, 597-598).<br />
Por último, convém recordar que na orig<strong>em</strong> de quase todo filme existe um texto<br />
escrito chamado roteiro, que <strong>em</strong> um determinado momento do processo se<br />
denomina, além do mais, roteiro literário, para distingui-lo do roteiro técnico.<br />
Nesse roteiro, não só estão os diálogos, como a descrição de algumas ações, de