18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sua obra despertará no espectador toda a narração associada à – única – cena<br />

representada. A ekphrasis expressa esse processo. 20<br />

V<strong>em</strong>os que as possibilidades narrativas da ekphrasis se somam a sua qualidade<br />

essencialmente descritiva, mas t<strong>em</strong> que entender que a ekphrasis não obedece a<br />

idéia de caráter ancestral da descrição com relação a narração. A diferença de<br />

qualquer outra descrição amplificativa, a ekphrasis somente é central e não<br />

periférica, no sentido de que não “ajuda” (grifo meu) ao progresso da narração<br />

mas sim, geralmente, a intensifica. Naturalmente falamos daqueles textos <strong>em</strong> que<br />

a ekphrasis não parece isenta (como <strong>em</strong> um po<strong>em</strong>a), mas sim acompanhando uma<br />

narração ou inserida nela. Para a primeira destas possibilidades, pensamos na<br />

seção que abre O Evangelho Segundo Jesus Cristo de José Saramago: na página<br />

da esquerda o leitor cont<strong>em</strong>pla uma reprodução de uma gravura de Albrecht Dürer<br />

cujo t<strong>em</strong>a é a crucificação de Jesus Cristo. A direita, uma ekphrasis da imag<strong>em</strong><br />

que está fora da narração propriamente dita, mas que de certo modo a contém ao<br />

cifrar seu el<strong>em</strong>ento essencial: o caráter humano de Cristo e Madalena. 21 Para a<br />

segunda das possibilidades propostas, quer dizer, quando uma passag<strong>em</strong> ekphrasis<br />

não só acompanha mas sim quando se insere dentro da narração, nos servirá de<br />

ex<strong>em</strong>plo a seção de Ti<strong>em</strong>po de Silencio dedicada a descrição de Aquelarre de<br />

Goya de Matías:<br />

El Goya de Matías era un gran reproducción [...]. El gran macho cabrío<br />

en el aquelarre [...]. Le grand bouc, el gran macho, el gran buco, el buco<br />

émissaire, el capro hispánico bien desarrolado… (Santos: 1994, 150-154).<br />

na qual é possível observar o mesmo tipo de relação sinédoque.<br />

20 Sobre o assunto da ontologia narrativa da imag<strong>em</strong>, ver Wendy Steiner,”La Analogia entre la<br />

Pintura y la Literatura”, páginas 25-49 de Literatura y Pintura. E também Krieger, “El Probl<strong>em</strong>a<br />

de la Écfrasis: Imágenes y Palavras, Espacio y Ti<strong>em</strong>po – y la Obra Literaria”, páginas 139-160, de<br />

Literatura y Pintura.<br />

21 Já nas primeiras linhas aparec<strong>em</strong> rasgos inequívocos do gênero: “O sol mostra-se num dos<br />

cantos superiores do rectângulo, o que se encontra à esquerda de qu<strong>em</strong> olha, representando, o<br />

astro-rei, uma cabeça de hom<strong>em</strong>...” (Saramago: 1991, 13).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!