18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

exposições de arte se havia consumado, como no caso do seu mestre Théophile<br />

Gautier.<br />

Os seus textos críticos estão impregnados de poéticas pessoais mais do que a<br />

fidelidade descritiva dos objetos de arte. Ante o “requerimento pictórico”, os<br />

poetas-críticos criam e consolidam um discurso que não está “sometido de manera<br />

expressa a la restitución fiel del objeto, sino más bien a la curiosidad por explorar<br />

el universo de la sensación y el afecto” (Baudelaire: 1999, 119). A obra de arte é<br />

mais um pretexto que o objeto da escrita. É interessante notar quão próximo<br />

Baudelaire está do legado teórico de Lessing, no que tange à especificidade,<br />

enquanto manifestação na pintura e na poesia, da concepção do poético comum a<br />

todas as artes.<br />

O Salón de 1846 de Baudelaire, além de ser o ensaio mais elaborado sobre a teoria<br />

estética do poeta, contém já um precoce experimento de po<strong>em</strong>a <strong>em</strong> prosa, De la<br />

Couleur, o gênero literário que inventou e começaria a praticar de maneira<br />

consciente a partir de 1855. No comentário sobre a Exposição Universal que se<br />

inaugurou no mesmo ano, as reflexões estéticas se mesclam com a poesia<br />

inspirada nas artes visuais. O texto inclui uma estrofe de Les Phares, um po<strong>em</strong>a<br />

que reúne vários nomes ilustres da tradução pictórica e escultórica européia, mas<br />

onde sobretudo celebra Delacroix:<br />

Delacroix, lac de sang, hanté des mauvais anges,<br />

Ombragé par un bois de sapins toujours vert,<br />

Où, sous un ciel chagrin, des fanfares étranges<br />

Passent comme un soupir étouffé de Weber.<br />

Para Baudelaire, Delacroix foi o “Rubens francês”. Seus trabalhos compreend<strong>em</strong><br />

uma massa enorme de assuntos alegóricos, religiosos e históricos quase s<strong>em</strong>pre<br />

“extraídos” de obras literárias ou nelas “inspiradas”. Nas palavras de próprio<br />

Baudelaire:<br />

“É o invisível, é o impalpável, é o sonho, são os nervos, é a alma que ele realiza<br />

[...] s<strong>em</strong> outros meios que não seja um; ele realiza com a perfeição de um pintor

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!