18.06.2013 Views

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Baudelaire (1999: 131, 142) era <strong>em</strong> teoria inimigo das miscelânias artísticas e<br />

escrevia:<br />

Se debe a una fatalidad de la decadencia que hoy en día cada arte manifieste el<br />

deseo de invadir el arte vecino [...]?; el avance de un arte sobre otro, la<br />

importación de la poesía, el espíritu y el sentimiento hacia la pintura, todas esas<br />

miserias modernas, son vicios propios de los ecléticos.<br />

Mas, como vimos antes, revela-se devoto das mesmas na prática. Como não ia<br />

atravessar com avidez os umbrais de um território que é promessa de fertilidade<br />

para a imaginação poética?<br />

Inacabadas sobre uma tela de um quadro ou nos volumes de uma escultura, as<br />

imagens se completam ao ser<strong>em</strong> textualizadas. Permanec<strong>em</strong> encapsuladas na<br />

composição ekphrastic como “as the sights in a magic crystall ball” 13 do po<strong>em</strong>a<br />

de Robert Browning, Old Pictures in Florence:<br />

River and bridge and street and square<br />

Lay mine, as much at my beck and call,<br />

Through the live translucent bath affair,<br />

As the sights in a magic crystal ball.<br />

A escrita ekphrastic paraliza o passar do t<strong>em</strong>po que dilui as imagens ao destruir os<br />

materiais das obras de arte originais. É a ekphrasis invólucro, mas não relicário<br />

que guarda uma parte, um traço, do desaparecido. É a aparição no po<strong>em</strong>a do que<br />

existe de outro modo, com outra forma, <strong>em</strong> outra parte: uma ou várias imagens<br />

“inalterables como pequeñas flores de papel si<strong>em</strong>pre visibles dentro de un<br />

pisapapeles de cristal esmerilad” (Pound: 2001, 339), tal como escreveu Pound<br />

<strong>em</strong> uma de suas mais belas metáforas, momento de fazermos compreender os<br />

efeitos e os poderes da imaginação visual literária.<br />

13 Po<strong>em</strong>a incluído na coleção Men and Women (1855), que Browning escreveu quando vivia <strong>em</strong><br />

Florença. Po<strong>em</strong>a escrito <strong>em</strong> forma de monólogo, que t<strong>em</strong> a particularidade de não ser atribuído à<br />

nenhum personag<strong>em</strong>, mas é o autor que dirige-se diretamente ao leitor (you). O poeta lamenta-se<br />

de que exista tantas obras perdidas ou <strong>em</strong> estado de deterioração, de pintores do Renascimento<br />

italiano.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!