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Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...

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exteriorização, por meio da projeção de imagens <strong>em</strong> uma tela que se oferece à<br />

cont<strong>em</strong>plação do olhar e à apreensão dos sentidos, segundo José Carlos Avellar:<br />

Um filme, quando passa na tela, e um livro, no instante <strong>em</strong> que está sendo lido,<br />

não são apenas esses objetos que aparec<strong>em</strong> diante dos olhos. São também e<br />

principalmente o que começa a se criar no imaginário a partir do estímulo que<br />

v<strong>em</strong> da imag<strong>em</strong> e da letra (Avellar, 1994, 98).<br />

Vista a questão sob esse prisma, é plausível admitir não só a influência da<br />

literatura sobre o cin<strong>em</strong>a, que sab<strong>em</strong>os haver sido expressiva, mas igualmente as<br />

ressonâncias de uma certa forma de "cin<strong>em</strong>a interior ou mental" sobre a literatura<br />

e as artes <strong>em</strong> geral, mesmo <strong>em</strong> uma época precedente ao advento dos artefatos<br />

técnicos:<br />

A idéia do cin<strong>em</strong>a se expressa também através de outras formas de composição, e<br />

por isso talvez seja possível dizer que o cin<strong>em</strong>a começou a existir antes mesmo<br />

do primeiro filme; que a invenção do cin<strong>em</strong>atógrafo veio atender ao desejo de<br />

flagra o movimento, o acaso, o passar do t<strong>em</strong>po – desejo que já existia antes do<br />

mecanismo que tornou possível a realização de filmes; talvez seja mais preciso<br />

dizer que não foi a invenção do cin<strong>em</strong>atógrafo que tornou possível o cin<strong>em</strong>a,<br />

mas, ao contrário, que a idéia do cin<strong>em</strong>a é que tornou possível a invenção do<br />

cin<strong>em</strong>atógrafo. E dizer também que o cin<strong>em</strong>a se encontra presente como estrutura<br />

comum aos muitos modos de ver e sonhar o mundo inventados desde que o<br />

hom<strong>em</strong> descobriu que podia fotografar um instante que passa, e começou a<br />

sonhar com um aparelho capaz de fixar o instante passando (Ibid<strong>em</strong>, 99).<br />

As fronteiras do cin<strong>em</strong>a abrang<strong>em</strong>, deste modo, uma extensão b<strong>em</strong> mais ampla<br />

que os limites estreitos do filme, enquanto fita de celulóide através da qual se<br />

lançam imagens na superfície branca da tela<br />

A partir do estudo da descrição feita por Leonardo da Vinci para uma<br />

representação do Dilúvio através da pintura, Eisenstein — um dos primeiros<br />

cineastas a alimentar preocupações teóricas — oferece-nos um belo ex<strong>em</strong>plo<br />

sobre o caráter cin<strong>em</strong>atográfico de certos textos, produzidos <strong>em</strong> época anterior à<br />

invenção do cin<strong>em</strong>a. Eisenstein denomina expressamente o texto de Leonardo de<br />

"roteiro de filmag<strong>em</strong>":

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