Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Dev<strong>em</strong>os fazer, no entanto, algumas combinações ao estudo de Praz. Em primeiro<br />
lugar, para que a aesthetic m<strong>em</strong>ory possa despertar na consciência determinadas<br />
imagined sensations parece necessária uma certa capacitad por parte do<br />
destinatário (Eco: 1983, 73-81), 28 algo que já intuíam Wellek e Warren quando<br />
duvidavam de que “um poeta pudesse sugerir realmente os efeitos da pintura à<br />
leitores hipoteticamente ignorantes desta” (Welleck and Warren, 151). Por outro<br />
lado, o tipo de vínculos que nosso autor estabelece entre a arte e a literatura do<br />
século XX só pode ser um ponto d partida para uma análise mais específica. Praz<br />
está interessado, desde logo, <strong>em</strong> destacar o s<strong>em</strong>elhante e não, diríamos, <strong>em</strong><br />
combinar o diferenciador dentro do s<strong>em</strong>elhante, despreocupando-se assim das<br />
modificações que experimentam <strong>em</strong> cada meio esses princípios estruturais<br />
considerados comuns: 29 a interpretação do t<strong>em</strong>po e do espaço que domina a<br />
pintura cubista, a deslocação t<strong>em</strong>poral na narrativa; a linguag<strong>em</strong> onírica do<br />
surrealismo (Praz, 191-215), etc. De que forma o cin<strong>em</strong>a havia cooperado na<br />
plasmação de tais modelos estéticos? Praz apenas se refere a isso.<br />
Tendo <strong>em</strong> conta o interesse que historicamente havia mostrado a poesia, mas<br />
também o romance <strong>em</strong> transmitir ao leitor, mais além da abstração da linguag<strong>em</strong>,<br />
certas impressões visuais, ainda que não necessariamente <strong>em</strong> um sentido realista,<br />
haveria o cin<strong>em</strong>a ocupado o lugar que antes teve a pintura como “referente” (grifo<br />
meu) de algumas descrições e efeitos visuais na literatura? Tendo <strong>em</strong> conta que a<br />
cadeia fílmica se compõe de imagens móveis e de el<strong>em</strong>entos sonoros, haveria<br />
variado no romance a indicação das atividades comunicativas não verbais dos<br />
personagens – a “para-linguag<strong>em</strong>” (modificações das palavras e rasgos<br />
das d<strong>em</strong>ais artes; entender-se-ão melhor como um complexo esqu<strong>em</strong>a de relações dialéticas que<br />
atuam <strong>em</strong> ambos sentidos [...] (Welleck and Warren, 161).<br />
28 No sentido especificado por Umberto Eco, <strong>em</strong> Leitura do Texto Literário.<br />
29 “There has been an anti-art <strong>with</strong> the Dada mov<strong>em</strong>ent, an anti-architecture <strong>with</strong> Le Corbusier, an<br />
anti-novel in France <strong>with</strong> Robbe-Grillet and the nouvelle vague. The same probl<strong>em</strong>s face writers,<br />
sculptors, and architects. To give expression to the sense of nothingness, of the void, has been<br />
att<strong>em</strong>pted – to quote only a few names – by Rothko in painting, Antonioni in the film, Kafka in the<br />
novel, Beckett on the stage” (Praz, 191).