Diálogos Transdisciplinares em Girl with a Pearl Earring: a Arte ...
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motivo para repelir a possibilidade de que o cin<strong>em</strong>a tenha deixado também sua<br />
representação de imagens nas formas literárias.<br />
Agora, até que ponto a literatura “havia feito ver” como a pintura? Welleck e<br />
Warren têm-se mostrado muito cautelosos ao tratar o paralelismo das artes – artes<br />
plásticas, literatura e música -, ainda que consider<strong>em</strong> como método<br />
“hipoteticamente” apropriado, um estudo das “relações estruturais” entre obras<br />
concretas. Para estes autores, por muito que a literatura se tenha proposto<br />
“produzir efeitos” de outros meios de expressão, resulta improcedente qualificar<br />
um po<strong>em</strong>a como “pictórico”, “musical” ou “escultórico”, dado que é impossível<br />
uma “metamorfose literal da poesia <strong>em</strong> escultura, <strong>em</strong> pintura ou <strong>em</strong> música”<br />
(Welleck and Warren, 150). 25<br />
Transferindo-nos ao campo do cin<strong>em</strong>a, também Luigi Chiarini – e o próprio<br />
Christian Metz, ainda que com argumentos distintos -, havia repelido por sua<br />
vacuidade metafónica, o <strong>em</strong>prego dos conceitos de “travelling”, “montag<strong>em</strong><br />
alternada”, “movimentos de câmara”, etc., quando referidos na narrativa literária.<br />
Nada tão absurdo, <strong>em</strong> sua opinião, como os paralelismos baseados:<br />
en el uso términos técnicos de un arte, que tienen su significado preciso, para<br />
destacar los efectos de otro arte, conseguidos con medios totalmente diferentes<br />
(Chiarini: 1968, 297).<br />
Efetivamente, outros dos erros habituais no estudo das influências do cin<strong>em</strong>a<br />
sobre a literatura cont<strong>em</strong>porânea consiste <strong>em</strong> “visualizar” a passag<strong>em</strong> escolhida<br />
<strong>em</strong>pregando métodos similares ao do pré-cin<strong>em</strong>a: como se tratasse de “imaginar”<br />
<strong>em</strong> filme, e sim que exista uma operação de retorno até o funcionamento literário<br />
de seus procedimentos. Apesar de tudo, advertimos que tanto Chiarini como<br />
Wellek e Warren, <strong>em</strong> seu desejo de opor<strong>em</strong>-se as comparações impressionistas,<br />
estão muito preocupados , pelos diferentes efeitos estéticos das artes e, <strong>em</strong><br />
25 Cfr. O estado da questão sobre o t<strong>em</strong>a que oferece Franz Schmitt-von Mühlenfels, “A Literatura<br />
e as outras artes”, art. cit., págs. 169-193.