Clique aqui para acessar o livro completo (em PDF) - Unifesp
Clique aqui para acessar o livro completo (em PDF) - Unifesp
Clique aqui para acessar o livro completo (em PDF) - Unifesp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
142<br />
JORNADAS CIENTÍFICAS DO NISAN 2008/2009<br />
encontro com a água do oceano, todos já estivess<strong>em</strong> mortos ou inconscientes.<br />
Afinal, esse t<strong>em</strong>a, naquele momento, estava autorizado. Era conversável<br />
por qualquer um. Era, s<strong>em</strong> dúvida, um t<strong>em</strong>a da agenda pública.<br />
Os meios de comunicação facultam essa possibilidade. S<strong>em</strong> eles, de<br />
fato, não haveria como se falar de agenda pública. O espaço <strong>em</strong> que seus t<strong>em</strong>as<br />
pod<strong>em</strong> ser discutidos é, rigorosamente, qualquer lugar. Um espaço estilhaçado,<br />
onde a copresença não se faz mais necessária, <strong>em</strong> que a presunção<br />
de discutibilidade dos t<strong>em</strong>as públicos se deve não mais ao lugar <strong>em</strong> que<br />
são discutidos, mas ao pertencimento a uma zona de influência midiática<br />
que faculta e promove laços sociais a respeito das mensagens que enuncia.<br />
Por isso, diz-se que a agenda dos meios determina a agenda pública. 6<br />
No termo consagrado agenda setting, o verbo setting está no gerúndio<br />
to set. Significa fixar, estipular, determinar. Seria possível, assim, traduzir<br />
agenda setting por fixação, imposição ou determinação da agenda;<br />
ou, simplesmente, por agendamento. Desse modo, de acordo com a<br />
hipótese do agendamento, a agenda pública, discutida pelas pessoas <strong>em</strong><br />
sociedade, é determinada pelos meios de comunicação. A<br />
Por que esse assunto interessa a uma reflexão ética sobre a mídia?<br />
Ora, o leitor imagina que os profissionais que trabalham na produção<br />
das mensagens por ela veiculadas poderiam agir de maneira diferente<br />
do que faz<strong>em</strong>, propor outras mensagens, escolher outros t<strong>em</strong>as. No<br />
caso do jornalismo, a aplicação de critérios propriamente jornalísticos<br />
permite a conversão de alguns fatos <strong>em</strong> notícia; no caso da publicidade,<br />
a utilização de algumas técnicas criativas consagradas.<br />
Contudo, outros fatos ou técnicas poderiam merecer tal honra se<br />
novos critérios foss<strong>em</strong> adotados, de tal maneira que, se a sociedade conversa<br />
sobre os assuntos que conversa, discute sobre as questões que discute<br />
e, <strong>em</strong> última instância, interage <strong>em</strong> torno dos t<strong>em</strong>as que interage, é<br />
porque esses profissionais ag<strong>em</strong> de certa forma e não de modo diferente.<br />
Em outras palavras, as escolhas midiáticas produz<strong>em</strong> consequências<br />
importantes na constituição do tecido social, na organização dos espaços<br />
de socialização, e dev<strong>em</strong>, então, ser responsáveis por isso.