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JORNADAS CIENTÍFICAS DO NISAN 2008/2009<br />
quarto e último lugar, porque a direção da visão é praticamente de sentido<br />
único. Quando se assiste ao Jornal Nacional, pode-se ver a Patrícia Poeta<br />
e o William Bonner, mas eles não pod<strong>em</strong> ver os espectadores.<br />
Assim, pode-se dizer que o desenvolvimento da mídia criou uma<br />
nova forma de publicidade, proporcionando, com isso, um tipo de visibilidade<br />
bastante diferente daquele tradicional de copresença. 11 Isso,<br />
s<strong>em</strong> dúvida, alterou significativamente as condições sob as quais o poder<br />
político é exercido. Foram diversos os desdobramentos dessa transformação,<br />
porém o foco principal deste capítulo não é esse, e, sim, como<br />
essa visibilidade é administrada pelos meios de comunicação e como<br />
essa administração pode entrecruzar-se com as relações de dominação<br />
existentes na sociedade atual.<br />
Os meios de comunicação pod<strong>em</strong> controlar a visibilidade de determinados<br />
assuntos de muitas formas. A principal delas é ocultando-os.<br />
Bourdieu, <strong>em</strong> seu clássico sobre a televisão, tece uma fina reflexão acerca<br />
de como esses meios ocultam muitos assuntos importantes, os quais,<br />
<strong>em</strong> suas palavras, seria preciso mostrar. Ocultam de maneira <strong>para</strong>doxal,<br />
mostrando. Mas como exatamente? Mostrando outra coisa <strong>em</strong> seu lugar<br />
ou, ainda, mostrando esses assuntos de modo que sejam vistos como<br />
algo insignificante ou como algo muito diferente da realidade.<br />
Se os meios de comunicação de massa pod<strong>em</strong> estabelecer e sustentar<br />
relações de dominação ao dar espaço <strong>para</strong> determinadas questões<br />
<strong>em</strong> detrimento de outras, como se viu, eles também pod<strong>em</strong> fazer o mesmo<br />
por meio do conteúdo veiculado por suas mensagens, isto é, configurando<br />
as mensagens de tal e tal forma, mobilizando este ou aquele<br />
sentido. Como se verá a seguir, <strong>para</strong> algumas teorias, o receptor é mero<br />
espectador passivo, que absorve indiscriminadamente o que se passa<br />
diante dele, uma espécie de receptáculo das mensagens midiáticas, esponja<br />
que tudo absorve. Muitas das primeiras teorias da comunicação<br />
segu<strong>em</strong> esse viés. Embora seu valor heurístico seja reconhecido, pode-<br />
-se crer que essas teorias são limitadas e ca<strong>em</strong> n<strong>aqui</strong>lo que Thompson 11<br />
chamou de “mito do receptor passivo”.