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II JORNADA DE PROPAGANDA DE ALIMENTOS E OBESIDADE...<br />

151<br />

ou reprimida. A ideia de que qualquer pessoa pode ser criativa, de que<br />

a criatividade está aberta a qualquer um, é quase uma unanimidade no<br />

discurso desses profissionais.<br />

Então, se todos pod<strong>em</strong> ser criativos, por que não são de fato? Trata-se<br />

de uma pergunta capciosa, mas prontamente respondida por José<br />

Predebon, publicitário e professor de criação: porque a criatividade possui<br />

inimigos. Entre os principais, estão a acomodação, a miopia estratégica,<br />

o imediatismo, a timidez, a insegurança, a prudência, o desânimo e<br />

a decepção. Assim, uma pessoa criativa seria aquela que consegue combater<br />

esses inimigos, dando vazão a suas pulsões criativas.<br />

S<strong>em</strong> dúvida, ao retratar a criatividade, o autor, assim como a maioria<br />

dos publicitários, assume uma perspectiva idealista. Não só porque a interpreta<br />

como uma potência universal, como uma entidade escondida ou<br />

recalcada nos porões da mente, mas também porque a interpreta como<br />

algo intrínseco às coisas do mundo, às suas produções. Afinal, imputa a<br />

elas um valor criativo interno, como se houvesse produções criativas de<br />

maneira intrínseca, independent<strong>em</strong>ente de um agente assim as classificar.<br />

Desse modo, o anúncio criativo conteria valores, os quais estariam<br />

nas próprias mensagens que veiculam, <strong>em</strong> suas imagens e textos, b<strong>em</strong><br />

como na relação entre ambos os valores passíveis de ser<strong>em</strong> reconhecidos.<br />

Equívoco idealista. Inversão de realidade, ao menos da perspectiva<br />

materialista. Afinal, sob essa última perspectiva, o valor não pode estar<br />

nas próprias coisas. O real não diz o que vale, diria Comte-Sponville.<br />

Um anúncio, então, não pode conter valores, ser intrinsecamente bom<br />

ou ruim. Em consequência, não se reconhec<strong>em</strong> valores <strong>em</strong> um anúncio,<br />

mas atribu<strong>em</strong>-se valores a ele. Um anúncio é inovador e estética e culturalmente<br />

relevante porque assim é classificado, e não o contrário: é inovador<br />

e estética e culturalmente relevante, portanto, é assim classificado.<br />

Assim, um mesmo anúncio pode provocar reações completamente<br />

distintas. Os anúncios de cerveja, por ex<strong>em</strong>plo, costumam agradar<br />

aos homens, aumentar sua potência de existir, elevar seu conatus. Afinal,<br />

apresentam mulheres bronzeadas, alegres e cheias de vida, trajadas

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