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II JORNADA DE PROPAGANDA DE ALIMENTOS E OBESIDADE...<br />
149<br />
Ao analisar o desenvolvimento dos meios de comunicação, Thompson<br />
observa que eles possibilitaram a produção, a reprodução e a circulação<br />
das formas simbólicas – expressões linguísticas, obras de artes, anúncios<br />
publicitários, gestos, ações, etc. – <strong>em</strong> uma escala antes inimaginável.<br />
Em suas palavras (p. 12), “viv<strong>em</strong>os, hoje, <strong>em</strong> sociedades onde a produção<br />
e recepção das formas simbólicas é s<strong>em</strong>pre mais mediada por uma rede<br />
complexa, transnacional, de interesses institucionais”. Nunca antes na história<br />
houve a possibilidade de acesso a tantas formas simbólicas. Compõe-<br />
-se hoje uma audiência extensa e potencialmente ampla, dispersa no t<strong>em</strong>po<br />
e no espaço e que, por conseguinte, amplia significativamente o raio de<br />
operação da ideologia, campo de análise que parece permanecer central<br />
<strong>para</strong> a compreensão de como, ainda que sejam ativas na recepção das mensagens<br />
midiáticas, as pessoas são, <strong>em</strong> algumas ocasiões, subjugadas por elas.<br />
Thompson 11 , ao analisar a história dessa disputa, distingue dois tipos<br />
gerais de concepção de ideologia: a neutra e a crítica. A primeira delas<br />
foi desenvolvida por autores como Destutt de Tracy, Lênin, Mannheim<br />
(<strong>em</strong> sua formulação geral da concepção total de ideologia) e Lukács, e<br />
compreende a ideologia como “um aspecto da vida social (ou uma forma<br />
de investigação social), entre outros, não [sendo] n<strong>em</strong> mais n<strong>em</strong><br />
menos atraente ou probl<strong>em</strong>ático do que qualquer outro” (p. 72). Assim,<br />
dessa perspectiva, um fenômeno considerado ideológico não é necessariamente<br />
enganador ou ilusório n<strong>em</strong> precisa estar ligado aos interesses<br />
de um grupo particular. Por ex<strong>em</strong>plo, quando se fala que a ideologia<br />
de um partido político é incompatível com a de outro, assume-se uma<br />
concepção neutra de ideologia. Afinal, nesse caso, o termo não denota<br />
necessariamente algo bom ou ruim, refere-se apenas à visão de mundo<br />
do partido <strong>em</strong> questão, ao seu ideário político.<br />
A concepção crítica de ideologia, por sua vez, foi desenvolvida, entre<br />
outros autores, por Napoleão, Marx e Mannheim (<strong>em</strong> sua concepção<br />
restrita de ideologia), e imputa aos fenômenos caracterizados como<br />
ideo lógicos um criticismo implícito ou sua própria condenação. Nas palavras<br />
de Thompson (2000, p. 73), “concepções críticas são aquelas que